Greve na Defensoria Pública prejudica os mais pobres

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POR HAMILTON FERRARI

Os servidores públicos têm todo o direito de reivindicar aumentos de salários e melhorias das condições de trabalho. Mas devem se conscientizar de que os maiores prejudicados são os mais pobres. Isso fica claro no movimento deflagrado pela Defensoria Pública da União (DPU), que defende os direitos da população menos abastada.

De braços cruzados há um mês, os defensores públicos dizem que só voltarão às atividades quando for aprovado o PLC 32/2016, que reajusta o salário da carreira. Apenas as demandas urgentes da população, que caracterize risco à saúde e à vida estão sendo atendidas.

A Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef) informa que o Ministério do Planejamento está fazendo “birra” e tenta barrar a aprovação do projeto no Congresso. A entidade ressalta que o ministério fechou acordo com os defensores no ano passado, mas voltou atrás alegando que o reajuste provocará um efeito cascata, aumentando o salário dos defensores estaduais e municipais.

“Nossa política de remuneração é totalmente desvinculada de estados e munucípios. Qualquer mudança nos nossos salários não afetará os rendimentos dos demais defensores, que já ganham mais do que nós”, diz a presidente da Anadef, Michelle Leite.

Pela ressalta Michelle que a atitude do governo é um retrocesso, pois afeta a população que não tem condições de pagar um advogado. “As portas das defensorias no interior do país estão fechando. As unidades estão sem profissionais. Os defensores  preferem fazer um novo concurso público para ganhar mais em outras instituições”, critica.

O ministério do Planejamento informa que está em negociação com os servidores da DPU. “Estamos insatisfeitos com a falta de coerência dos reajustes dados pelo governo. Logo nós, que atendemos a população carente e representamos 0,15% do total de servidores que receberão reajustes”, frisa Michele.

Brasília, 10h23min

Vicente Nunes