Greve dos caminhoneiros pode derrubar PIB no 2º trimestre

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Conhecido o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos primeiros três meses do ano, que teve alta de 0,4%, os economistas começam a fazer as contas do segundo trimestre, que será muito prejudicado pela greve dos caminhoneiros. A perspectiva é de que a atividade tenha queda entre 0,2% e alta de 0,2%, um baque para o saldo acumulado no ano.

Os especialistas lembram que, em abril, os números da economia foram bastante positivos. Isso dava uma visão de recuperação lenta, mas consistente, da produção e do consumo. Com o levante dos caminhoneiros, porém, o quadro se inverteu por completo. Diante dos dias de paralisação já é possível dizer que a atividade desabou.

Na visão dos economistas, o PIB do segundo semestre só virá positivo se o resultado de junho for muito bom, melhor do que o de abril. Contundo, ninguém acredita muito nisso, pois os efeitos do movimento dos transportadores de cargas serão sentidos ao longo da primeira semana de junho. O quadro, realmente, é muito complicado para a economia.

Pelos cálculos do economista Ivo Chermont, da gestora de recursos Quantitas, o PIB pode ser positivo no segundo trimestre, com alta de 0,2%, mas, no acumulado do ano, o saldo final ficará muito aquém do previsto inicialmente. Ele fala em crescimento de apenas 1,7% em 2018.

O governo também já jogou a toalha. A previsão inicial de avanço de 3% do PIB foi enterrada. Mesmo dos 2,5% previstos agora pelo Ministério da Fazenda são considerados fora da realidade. A aposta de parte da equipe econômica é de que o incremento da atividade fique mais próximo de 1,5%. Mas isso não será dito agora, não oficialmente.

O Banco Central prevê crescimento de 2,6% para este em seus documentos, mas também está se preparando para rever esse número para baixo no relatório trimestral de inflação que será divulgado no fim de junho. Tão logo os diretores do BC comecem a se reunir com analistas de mercado, verão que estão muito atrás da curva.

Brasília, 11h51min

Vicente Nunes