ROSANA HESSEL
O Greenpeace Brasil fez um novo alerta sobre a ineficácia de medidas do governo para impedir as queimadas na Amazônia. Dados dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta quinta-feira (1º/9), mostram que agosto registrou 33.116 focos de calor ilegais no bioma amazônico, apesar do decreto nº 11.100, que determina a moratória do fogo, ter entrado em vigor em 23 de junho.
A entidade destacou que, em agosto de 2022 na comparação com agosto de 2021 houve aumento de 18% no número de queimadas na Amazônia, o maior volume desde 2010. Naquele ano, foram registrados 45.018 focos de calor na Amazônia, e, depois disso, o número mais alto para agosto foi em 2022, com 33.116 focos irregulares de calor.
Do total de focos de calor do ano registrados pelo Inpe desde janeiro até 31 de agosto de 2022, 46.022, houve um aumento de 16,7% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, maior número acumulado para o período desde 2019. Na avaliação Greenpeace, os dados mostram que o decreto é “mais uma ferramenta inútil no combate ao crime ambiental”.
“O número alarmante constata que não existe uma política séria de combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia e que, além de destruir a rica biodiversidade da floresta, enchem as cidades da região de fumaça e fuligem”, destacou o Greenpeace, em nota.
De acordo com a entidade, cujos técnicos fizeram um sobrevoo de técnicos na região de Amazonas, Acre e Rondônia (Amacro), foi detectado o maior desmatamento da Amazônia no último ano: cerca de 8.000 hectares, equivalente a 11.000 campos de futebol queimando. “Participo desses monitoramentos há mais de 10 anos, e nunca tinha visto um desmatamento tão grande e também com tanta fumaça”, disse Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
O órgão ainda destacou que, do total de focos de incêndio nas florestas identificadas pelo Inpe, 43% ocorreram apenas em 10 municípios da Amazônia, sendo cinco deles localizados na região da Amacro.
O Greenpeace ainda alertou que um dos destaques dos dados foi o aumento das queimadas em terras públicas. Do total de focos de calor, 13,8% ocorreram em Unidades de Conservação (UCs), e 5,9%, em Terras Indígenas (TI). “Outro dado que preocupa é que mais de 10.600 queimadas, cerca de ¼ do total, ocorreram em florestas públicas não destinadas. Mais um indício do avanço da grilagem”, destacou o comunicado.