O Planalto sabe que está em uma situação dramática. Quando a sexta-feira (25/05), amanheceu, Temer e seus subordinados tinham a certeza de que o tal acordo fechado no dia anterior poria fim ao caos provocado pelos caminhoneiros. Mas a realidade se impôs e o que se viu foi que nada do acertado havia sido cumprido e que as consequências do movimento eram terríveis. O país estava parando.
Naquele momento, Temer foi convencido pelo ministro da Segurança, Raul Jungmann, e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de que era preciso acionar as forças de segurança federais para dar uma demonstração de poder. Era mais do mesmo, mas era o que de mais palpável se tinha à mão para dar uma resposta à população atônita com os reflexos do desabastecimento em áreas essenciais.
O pensamento era de que a greve estava sendo mantida por uma “minoria radical”, como ressaltou Teme em seu pronunciamento. Assim, com as Forças Armadas nas ruas, as estradas seriam desbloqueadas e tudo voltaria à normalidade. Os caminhões que queriam circular poderiam reativar os motores, entregar as mercadorias, principalmente combustíveis. O governo percebeu, contudo, que o “condão mágico” não havia funcionado. Os caminhões continuaram parados e a população sofrendo com a falta de mercadorias.
Ao longo da sexta-feira, o país percebeu o desgoverno. A incapacidade do Planalto de retomar a ordem passou a chamar a atenção de todos. Na entrevista que Jungmann e o ministro do Gabinete Institucional, Sérgio Etchegoyen, concederam neste sábado (26/05), pôde-se perceber o quanto o governo está contando com a sorte. Ao responder a uma pergunta sobre qual seria a reação do governo se tudo o que foi feito não der certo, Etchegoyen respondeu que todas as ações possíveis haviam sido lançadas.
O domingo, portanto, será decisivo para Temer. É vital que as filas dos postos de combustíveis acabem, que os aeroportos retomem a normalidade, que as gôndolas dos supermercados voltem a ser repostas. Enfim, que os brasileiros tenham a sensação de que os transtornos que viveram nos últimos dias foram um pesadelo que ficou para trás.
Brasília, 00h11min