As estatísticas sobre os servidores públicos levantam muitas dúvidas sobre a qualidade das informações e deixam uma certeza: os desvios são grandes. Basta dar uma olhada no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 encaminhado ao Congresso para constatar o quão falhos são os sistemas de controles.
Há, hoje, no Executivo, segundo documento assinado por Narlon Gutierre Nogueira, Benedito Leite Sobrinho, Alan dos Santos Moura e Allex Albert Rodrigues, 10.584 servidores com menos de 18 anos, o que é proibido por lei, e 9.573 pessoas ganhando menos do que um salário mínimo, também inadmissível, segundo a legislação.
Não é só: o Executivo não consegue identificar os registros de 96 pensionistas. Sequer sabe quanto eles ganham. Os dados mostram ainda que há 67 pensionistas com 106 anos ou mais e 28 aposentados na mesma faixa etária. Há suspeitas de que essas pessoas já tenham morrido, mas seus parentes continuam recebendo os benefícios.
Esse quadro de descontrole se repete no Legislativo, no qual 224 pessoas ganham menos que um salário mínimo, e no Judiciário, em que 546 registros de aposentados e de 1.082 pensionistas não contêm os valores dos benefícios.
Pode parecer pouco, que os números são insignificantes dado o tamanho da folha de salários, mas os dados mostram como os ralos por onde escorre o dinheiro público continuam abertos e todos tratam os absurdos como fatos normais, como se nada de errado estivesse acontecendo.
Brasília, 14h30min