ROSANA HESSEL
O Ministério da Economia revisou a metodologia da compilação das estatísticas de comércio exterior e alterou a série histórica fazendo ajustes que distorciam alguns dados, como as exportações fictícias de plataformas de petróleo da Petrobras para subsidiárias devido ao Repetro, programa de incentivo fiscal do setor, e que acabaram sendo depois importadas novamente com o fim do programa em dezembro de 2020 para a estatal não perder o benefício. Com isso, o superavit comercial de US$ 2,3 bilhões de 2019, virou um deficit de US$ 9 bilhões, por exemplo.
Com as mudanças nos cálculos, os dados de exportação e importação foram corrigidos até 1997, considerando o ano do início da utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e do uso da nomenclatura comum para o Mercosul, de acordo com diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Herlon Brandão.
A Secex, segundo o técnico, também passará a contabilizar os números de importação de energia elétrica do lado paraguaio da Usina de Itaipu. Além disso, incluirá mais informações nos dados de importação e de exportação da balança comercial que eram pedidos por exportadores.
Os novos dados e informações da nova metodologia passam a ser disponibilizados a partir desta quarta-feira (07/04) no site da pasta e a nova série atualizada será divulgada a partir do próximo resultado da balança comercial, referente ao mês de abril, que será apresentado no primeiro dia útil de maio.
Segundo Brandão, o Banco Central e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já expurgaram os dados do Repetro e incluíam as importações de energia e, portanto, “não haverá muitas alterações nos dados das contas nacionais do Produto Interno Bruto (PIB) e das estatísticas do Banco Central. Ele acrescentou que algumas distorções em relação aos padrões internacionais também foram corrigidas, “mas com impacto pequeno na série histórica”, salvo algumas correções nos quilos de produtos como cacau e celulose que provocavam confusão na avaliação dos técnicos.
Variações
De acordo com o diretor da Secex, houve uma queda de 1,4% no valor exportado entre 1997 e 2020 e, no mesmo período, a importação ficou 1,6% superior ao registrado anteriormente. Já a corrente de comércio permaneceu praticamente inalterada, com redução de 0,02%. Por outro lado, o saldo comercial acumulado no período apresentou redução de 16,5%.
A maior alteração nos dados de exportação ocorreu em 2013, com queda de US$ 9,4 bilhões. Nas importações, o ano com maior aumento absoluto foi 2019, com US$ 8,6 bilhões. Nesse mesmo ano, houve uma alteração absoluta no saldo comercial de US$ 12,8 bilhões, que transformou o superavit de US$ 2,3 bilhões em deficit de US$ 9 bilhões.
Apesar das mudanças, Brandão fez questão de ressaltar que “as trajetórias dos fluxos comerciais não se alteraram”, com ajustes marginais e concentrados em setores específicos. “Com isso, as tendências de queda ou crescimento foram mantidas, pouco impactando em análises da dinâmica das exportações e importações”, afirmou.
Os dados da balança de 2021 também serão atualizados expurgando as importações fictícias das plataformas de petróleo que foram registradas no ano passado mas ainda estão sendo contabilizadas pela Secex. Com isso, em vez de o país ter acumulado um superavit de US$ 1,6 bilhão no acumulado de janeiro a março, o saldo positivo passará para US$ 7,4 bilhões.
Veja abaixo como ficaram algumas mudanças na série histórica: