RODOLFO COSTA
Diante do clima hostil em relação ao governo, provocado pela greve dos caminhoneiros, o presidente Michel Temer pediu reforço na segurança do Palácio do Planalto. Homens do Exército se esparramaram por todo a sede do Executivo.
Desde o início da paralisação dos trasportadores de cargas, vêm crescendo os movimentos contra o governo. Na noite de segunda-feira, uma manifestação tomou conta da Esplanada com o grito de “Fora Temer”. Um grupo mais radical de caminhoneiros pede intervenção militar.
Diante da fragilidade demonstrada pelo governo, líderes políticos, inclusive da oposição, têm se articulado para garantir uma travessia tranquila até as eleições de outubro e nos sete meses que restam à gestão Temer. Na visão desses políticos, não interessa para ninguém tirar Temer do poder agora faltando pouco mais de quatro meses para as eleições.
Esse movimento dentro do Congresso tem o apoio da maioria dos pré-candidatos à Presidência da República. Para eles, não interessa o país mergulhar numa convulsão com as eleições tão perto. Ninguém também quer assumir um país conflagrado, com uma economia em retração.
A greve dos caminhoneiros provocou estragos profundos na economia. Analistas estão refazendo as contas e já falam em crescimento bem menor do que o previstos, entre 1,5% e 1,9%. Eles avisam que o viés é de baixa. Ou seja, as estimativas podem diminuir um pouco mais.
Ao mesmo tempo, a inflação voltou a dar as caras. Os preços mais altos de combustíveis e alimentos estão sendo captados pelos institutos de pesquisas e devem mostrar um custo de vida bem maior a partir de junho. Quem mais sofrerá com isso será a população de baixa renda, que não tem como se proteger da carestia.
O Planalto acompanha tudo com lupa e corre contra o tempo para tentar reverter tamanho estrago político e econômico. O governo admite que cometeu erros por não ter a real dimensão do movimento deflagrado pelos caminhoneiros. Mas está fazendo tudo o que está ao seu alcance.
Brasília, 11h01min