Na tentativa de marcar como positiva a gestão de Michel Temer, o governo pensa em colocar, em frente ao Palácio do Planalto, um painel mostrando que o país vem criando um emprego a cada sete segundos. Será o “trabalhometro”.
A ideia é copiar o painel do Impostometro, mas com dados positivos. O governo acredita que o emprego é a principal arma para reduzir a rejeição ao presidente Temer e fortalecê-lo como candidato à reeleição ou como fiador de uma candidatura que possa derrotar Lula e Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
Os economistas levantam uma dúvida: o número que o governo está usando, de um emprego criado a cada sete segundos, inclui trabalho informal?
Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pnad Contínua, a maior parte dos empregos criados nos últimos meses foi no mercado informal. Ou seja, o governo está contabilizando como vitória o camelô que botou uma barraca perto de um sinal de trânsito.
Os mesmos economistas ressaltam que o emprego formal está, sim, voltando, mas de forma muito lenta. Tanto que, em novembro, depois de uma sequência de sete meses positivos, o país voltou a fechar vagas formais. As demissões superaram as contratações em 12.292 postos, segundo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Numa das propagandas sobre emprego, o governo diz que, “enquanto você prepara seu macarrão instantâneo, 25 brasileiros encontram trabalho no Brasil”. Veja: https://twitter.com/twitter/statuses/941396843426144256.
Na Política, pode-se ler os números da maneira que for mais conveniente. Mas a realidade sempre falará mais alto.
O Brasil voltará a criar empregos, mas, para isso, será preciso que os investimentos produtivos retornem com tudo. Por enquanto, são promessas. Sem investimentos, não há como falar em crescimento sustentado. Isso exige confiança em relação ao futuro. Por enquanto, muitas são as dúvidas, sobretudo no que se refere às eleições e ao ajuste fiscal.
Brasília, 11h35min