Governo prepara o “projeto super Marinho”

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RODOLFO COSTA

Nos quadrinhos e nas telonas do cinema, o Capitão América, alter-ego de Steve Rodgers, é um popular super-herói nascido de um projeto para criação de super-soldados. Na vida real, em termos políticos, a analogia está sendo posta em prática pelo governo federal. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, trabalham juntos para ampliar os poderes do secretário especial de Previdência e Trabalho da equipe econômica, Rogério Marinho. A ideia é dar a ele mais atribuições, tornando-o um “super secretário”.

O tema é tratado com discrição dentro do Palácio do Planalto e do Ministério da Economia. Bolsonaro e Guedes se convenceram de que, depois das articulações conduzidas por Marinho durante a votação da reforma da Previdência na Comissão Especial e no Plenário, ele tem qualificações necessárias para continuar promovendo a costura político-econômica de reformas prioritárias da pasta. Estará no radar dele depois da aprovação em segundo turno da reforma da Previdência a reforma tributária e a desoneração das folhas de pagamento.

A proposta é um desejo de todos na alta cúpula do governo. E tem o aval dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que fazem boa avaliação. Na prática, será feita uma reestruturação, que dará a ele mais atribuições e direito a ampliar a equipe técnica que, atualmente, o acompanha. Marinho continuaria a par das discussões técnicas, mas, com uma equipe maior, teria mais liberdade para focar na articulação, diz ao Blog um interlocutor de Guedes. “Vai ser algo impactante. Ele assumirá um papel ainda maior”, explicou. Será uma espécie de ‘secretário das reformas econômicas.

Conciliador

Os desafios estão postos desde já. No Planalto, dizem que será dele a tarefa de buscar um consenso em torno da reforma tributária. No Congresso, há duas matérias em tramitação. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, na Câmara, e a PEC 110/2019, no Senado. Os secretários de Fazenda dos 26 estados e do Distrito Federal construíram uma outra, que deve ser apensada à 45. E o governo, apoiado por líderes de entidades empresariais, entre elas o Instituto Brasil 200, tem praticamente pronto outro texto.

Em meio à disputa por protagonismo — classificada por alguns como um verdadeiro bate-cabeça –, será de Marinho a responsabilidade de chegar a um denominador comum. “Ninguém quer perder na reforma tributária. O Marinho é a pessoa capaz de dar transparência aos números, mostrar quem perde, quem ganha, e administrar os conflitos”, analisou um interlocutor no Planalto. Além de ter a confiança de Bolsonaro, Guedes, Maia e Alcolumbre, o secretário também tem um bom trânsito com o economista Bernard Appy, idealizador econômico da PEC 45, e do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB), que construiu o esboço da PEC 110.

Vicente Nunes