Governo não descarta intervir na Petrobras para segurar preços da gasolina

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Assessores próximos do presidente Jair Bolsonaro não descartam a possibilidade de a Petrobras segurar os preços dos combustíveis para conter descontentamentos em relação ao governo. O discurso, inclusive, já está sendo preparado: estamos diante de uma crise externa, que não pode afetar os brasileiros.

O Palácio do Planalto teme, sobretudo, a reação dos caminhoneiros, que estão divididos. Em dezembro último, uma ala dos caminhoneiros ameaçou cruzar os braços, mas acabou sendo convencida a não levar o movimento adiante.

Para os caminhoneiros, os preços do diesel devem se manter sem grandes oscilações, uma vez que qualquer alta acentuada do combustível reduz os ganhos da categoria, que já está sacrificada. A ala de caminhoneiros que ameaçou fazer greve está muito próxima da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O atual governo já segurou os preços da gasolina e do diesel por um período superior a 50 dias. Essa “estabilidade” veio depois de reclamações de Bolsonaro de que os valores cobrados de motoristas em geral estavam altos demais.

Reunião com Guedes

Nesta sexta-feira (03/01), o presidente disse que vai tratar sobre o impacto de uma ação militar dos Estados Unidos no Iraque, que matou um dos principais líderes iranianos, sobre os preços dos combustíveis com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

Segundo a política de preços da Petrobras, as altas e as baixas dos valores dos combustíveis acompanham, principalmente, as variações do petróleo no mercado internacional e as cotações do dólar. No caso, os dois estão em alta. Resta saber se essa valorização se manterá pelos próximos dias.

A maior intervenção na Petrobras ocorreu durante o governo de Dilma Rousseff. Para conter a disparada da inflação, a então presidente ordenou que a estatal segurasse os reajustes dos combustíveis. Essa política afetou seriamente o caixa da petroleira. Estima-se que as perdas da companhia tenham passado, nesse período, de R$ 70 bilhões.

Os consumidores já estão preocupados com uma possível alta dos preços dos combustíveis. Os postos avisam que estão com os estoques baixos e qualquer movimento de alta nas refinarias será repassado para as bombas.

Brasília, 11h55min

Vicente Nunes