Governo mudará o comando da Previ, maior fundo de pensão da América Latina

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POR ANTONIO TEMÓTEO

A Operação Greenfield, que investiga fraudes bilionárias nos fundos de pensão de estatais, fará mais novas vítimas. O governo já definiu que mudará o comando da Previ, dos empregados do Banco do Brasil. Assessores do presidente Michel Temer detalharam que Gueitiro Matsuo Genso, que comanda a maior entidade fechada de previdência complementar da América Latina, com R$ 163,1 bilhões de patrimônio, será substituído. Um executivo com perfil técnico, com trânsito com a cúpula do banco e do Ministério da Fazenda, deve ser o escolhido para o posto.

Genso tomou posse no cargo em fevereiro de 2015, indicado pelo então presidente do banco, Alexandre Abreu. Técnico sem vinculação partidária, o presidente da Previ será trocado em meio à estratégia do governo de cortar os laços com todos os ocupantes de postos chaves que receberam a aprovação da ex-presidente Dilma Rousseff. O processo foi acelerado com a Operação Greenfield. Genso não é investigado pela Polícia Federal (PF), nem pelo Ministério Público (MP), mas não tem respaldo político do governo para permanecer no posto.

A chegada de Genso coincidiu com o fim dos anos de bonança do fundo. Mesmo sem ser o responsável direto pela escolha das aplicações que acarretaram o deficit de R$ 16,1 bilhões acumulado no ano passado, foi durante a sua passagem que a entidade precisou se desfazer dos R$ 12 bilhões de superavit acumulado até 2014 para cobrir um rombo que superaria os R$ 28 bilhões.

Pelas normas do setor, caso a Previ apresentasse deficit de até 8,1% de sua reserva matemática — o equivalente a R$ 11 bilhões —, não haveria necessidade de equacionamento. Após um ajuste de precificação, o deficit caiu para R$ 13,91 bilhões. Desse valor, subtrai-se o limite aceito para então se chegar ao valor que deverá ser equacionado, de R$ 2,91 bilhões. Para saná-lo, serão necessárias contribuições adicionais de participantes e da patrocinadora por até 18 anos. Até julho, o rombo total tinha caído para R$ 14,44 bilhões.

A Previ explicou que R$ 13,4 bilhões do deficit se devem à perda de valor das ações de Vale, Banco do Brasil, Neoenergia, Petrobras e Bradesco. Entre os investimentos investigados na Operação Greenfield está a Invepar, empresa criada em 2000 que administra diversas concessões entre rodovias, aeroportos e metrôs.

O fundo de pensão detalhou que a Invepar sofreu com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos três anos, que implicou menor tráfego de carros e caminhões pelas suas concessões rodoviárias e redução da oferta de voos. Outro ativo da Previ investigado pelo MPF e pela PF é o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Sondas, que controla a Sete Brasil. Na época de sua criação, o fundo aportou R$ 180 milhões na empresa, mas não aumentou a participação. A Sete está mergulhada em dívidas e os recursos investidos foram provisionados como perdas.

A Previ ainda é cotista do FIP Global Equity — com R$ 82 milhões —, que aplica em construção e venda de imóveis residenciais e comerciais, também investigado pela Greenfield. A entidade alegou que, ao perceber que o gestor não cumpria seu papel, liderou o processo de substituição e está tentando reaver os valores investidos.

Brasília, 07h30min

Vicente Nunes