Nesses estados, profissionais de saúde relatam ao Ministério da Saúde que a crise está se agravando, as novas internações e infecções aumentam rapidamente, forçando hospitais e unidades básicas de saúde. As mortes pela covid vão aumentar muito.
A ordem é atuar de imediato na crise em Manaus, em razão da repercussão do caso na imprensa e a nível internacional. No entanto, tanto o setor técnico quanto o político já sabem que a crise será ainda maior. Já há que fale em 2 mil mortes por dia pelo novo coronavírus.
Diante desse quadro, a corrida pela vacina passou a ser vista dentro do governo como a única maneira de salvar politicamente o presidente Jair Bolsonaro. A avaliação no Planalto é a de que, à medida que os casos de mortes e o colapso dos hospitais forem aumentando, a aprovação do chefe do Executivo vai se deteriorar muito rapidamente.
Além disso, está cada vez mais difícil impedir consequências jurídicas contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e contra Bolsonaro por responsabilidades pela derrocada do combate à pandemia — mesmo com um procurador-geral da República favorável ao governo na chefia do Ministério Público.
Mas os entraves burocráticos e diplomáticos tem impedido a compra em larga escala dos imunizantes. As 2 milhões de doses que virão da Índia representam uma conquista importante para a diplomacia brasileira neste momento de tanta notícia ruim. Mas, do ponto de vista prático, de proteção à saúde, não é nada.
Agora, a ordem é correr para abrir as portas com a China para liberar os insumos necessários para a fabricação de vacina no país pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan. Isso inclui a convocação do ex-presidente Michel Temer para ajudar nas negociações com o país asiático.
Brasília, 18h11min