A despeito da preocupação do Palácio do Planalto com o andamento da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, sobretudo diante da possibilidade real de o apoio do PSDB se esvair por causa do afastamento do senador Aécio Neves pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a sensação no governo foi de um “dia de vitória”.
Para auxiliares de Temer, o sucesso dos leilões nas áreas de energia elétrica e de petróleo, com os quais o Tesouro Nacional arrecadou R$ 16 bilhões, são um claro sinal de que os investidores, em especial os estrangeiros, estão confiantes na retomada do crescimento econômico.
“Os investidores decidiram priorizar as oportunidades de negócio no país, mesmo com toda a indefinição política”, afirma um assessor palaciano. Ele ressalta que os donos do dinheiro sabem que o atual governo está fechado com as leis de mercado, que protegem a iniciativa privada.
Na avaliação do Planalto, os leilões deram maior segurança à equipe econômica para o cumprimento da meta fiscal, de deficit máximo de R$ 159 bilhões. Não fosse esse dinheiro extra, certamente haveria uma dificuldade maior para fechar as contas. A previsão de rombo fiscal para este ano aumentou em R$ 20 bilhões.
Mão amiga
Mais do que ajudar a cumprir a meta fiscal, os R$ 16 bilhões arrecadados com os leilões de energia (R$ 12,1 bilhões) e de petróleo (R$ 3,8 bilhões) dão maior tranquilidade ao governo para ampliar os gastos deste ano em até R$ 12,8 bilhões. Esses recursos vão evitar a paralisia da máquina pública e, claro, facilitar o balcão de negócios com deputados da base aliado no sentido de preservar o mandato de Temer.
A aposta do governo é de que, com o sucesso dos leilões, investidores que estão reticentes em incrementar os negócios no país se sintam mais confortáveis para desengavetar projetos. Nesse clima de um pouco mais de otimismo, a economia entraria 2018 em um ritmo mais veloz de crescimento do que se imagina.
“Tudo o que estamos fazendo mostra que esse governo está fechado com o capital privado, o verdadeiro responsável pelo crescimento econômico. Queremos que a política saia do radar dos investidores e o crescimento volte com força”, destaca um outro auxiliar de Temer.
Brasília, 18h01min