Segundo integrantes do INSS, a ideia de contratação de militares surgiu do nada, porque não se tinha nada de concreto a ser feito. O instituto está sucateado, apesar de o governo propagar a história do INSS digital, que mais de 90 serviços podem ser realizados por meio da internet.
“O INSS tem, sim, que passar por uma grande reestruturação, mas nada foi feito pelo atual governo nem pelos anteriores para modernizar de verdade o sistema de gestão”, afirma um gerente de um dos mais movimentados postos de atendimento do Distrito Federal.
Ele ressalta que sai governo, entra governo, tudo continua na mesma. “Por isso, impera o descaso no atendimento, sobretudo aos mais pobres, pois aqueles que têm amigos no poder furam as filas de atendimento, têm tratamento vip”, ressalta o mesmo gerente.
Tempestade perfeita
Para técnico, os militares contratados terão que passar por um amplo processo de treinamento. “Não será da noite para o dia que vão resolver tudo. Estamos falando de um trabalho complexo, que demanda tempo para aprendizado”, frisa. “Pelo que fomos informados, nem se sabe quem são esses militares. Ou seja, anunciam coisas sem combinar o jogo.”
Os funcionários do INSS dizem que o atual governo sabia de todos os impactos da aprovação da reforma da Previdência nos sistemas de concessão de benefícios, mas não fez nada de efetivo para preparar o órgão para as mudanças. E mais: boa parte dos processos encalhados deu entrada no INSS antes da reforma. Portanto, os processos já poderiam ter sido solucionados.
O que se fez, em vez de agilizar o atendimento do INSS, foi criar uma série de burocracias para a concessão de benefícios. O governo se preocupou em reter os processos para não aumentar a fatura com aposentadorias. Deu no que deu. “Estamos assistindo no INSS a tempestade perfeita: falta de pessoal, governo despreparado e mudança de regras”, completa outro funcionário do INSS.
Brasília, 16h14min