Governo cogita aumentar impostos, admite Meirelles

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POR ROSANA HESSEL

Sob o risco de não conseguir cumprir a meta fiscal deste ano, o governo poderá ser obrigado a elevar a carga tributária, admite o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele diz que a administração de Michel Temer vem tomando todas as medidas necessárias para o cumprimento da meta fiscal, de deficit de R$ 139 bilhões.

Segundo o ministro, o aumento de impostos será decidido no limite, ou seja, se não houver mais alternativas. Primeiro, o governo cortará despesas. Especialistas, porém, acreditam que será muito difícil para a Fazenda limitar o deficit a R$ 139 bilhões, dada à estrutura de gastos e à arrecadação fraca.

Meirelles ressalta que muita gente se surpreendeu quando o governo anunciou, no ano passado, deficit de R$ 154,2 bilhões, rombo menor que o o estimado, de R$ 170,5 bilhões. Boa parte da diferença, contudo, foi coberta por receitas extraordinárias, oriundas de impostos e multas do programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente para o exterior.

Na avaliação do ministro, não há porque falar em descumprimento da meta fiscal. “Mantemos a meta e o compromisso com o resultado primário de 2017”, assegura. Até 22 de março, o governo terá que fazer uma reavaliação de despesas e receitas para este ano. A expectativa é de que seja anunciado um corte entre R$ 39 bilhões e R$ 40 bilhões no Orçamento.

A tesoura, porém, enfrenta dificuldades para encontrar onde cortar. Com as despesas crescendo bem acima da inflação, sobretudo por causa da Previdência Social, estima-se que o Tesouro Nacional esteja procurando cerca de R$ 65 bilhões para fechar as contas e anunciar um contingenciamento menor, de R$ 20 bilhões.

Meirelles assinala que o governo vem sofrendo com a queda da arrecadação por causa da forte recessão. O tombo de 3,6% no Produto Interno Bruto (PIB) provocou quebradeira de empresas e desemprego recorde. Para 2017, no entanto, o ministro vê recuperação da economia. O governo fala em crescimento de 1% no PIB, o dobro do estimado pela média do mercado.

Brasília, 13h45min

Vicente Nunes