A visão no Palácio do Planalto é a de que a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, que aparece como vencedora das urnas, com 29,5% dos votos apurados, deve resistir a todas as pressões e não se render a uma coligação com o Chega.
Parte do grupo liderado por Luís Montenegro na AD não se importa em se unir à direita radical para a formação de um eventual governo. Nem que, para isso, o quase-futuro primeiro-ministro seja retirado do jogo.
Não é não, mas, na política, pode ser sim
Brasil e Portugal voltaram a estreitar relações em 2023, depois de quatro anos de afastamento no governo de Jair Bolsonaro. Agora, essa proximidade está sob risco, caso o Chega, de André Ventura, conquiste espaço no Executivo português.
Na noite de domingo (10/03), em um discurso de vitória, Luís Montenegro reforçou o que vinha dizendo durante a campanha eleitoral, ou seja, que a Aliança Democrática não se coligará com a direita radical. Ele manteve a posição de que “não é não”.
Mas, como em política tudo é volátil, o Palácio do Planalto não descarta a possibilidade de a AD firmar parceria com o Chega, formando maioria na Assembleia da República. Se isso ocorrer, o distanciamento entre Brasil e Portugal se tornará realidade.
Os dois países têm combinado para este ano uma nova reunião de cúpula. A previsão era de que o encontro entre os chefes de Estado ocorresse em abril, em Brasília. Mas, agora, diante do que se viu nas urnas, ninguém sabe se o evento se realizará.
Brasil e Portugal ficaram sete anos sem uma reunião de cúpula. No ano passado, em Lisboa, a parceria entre os dois países resultou em avanços importantes, como a regularização da documentação de milhares de brasileiros em território luso. Foram fechados 13 acordos em diversas áreas.
Como diz um assessor próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é preciso ter paciência e ver em que direção os ventos realmente vão soprar em Portugal. Numa primeira análise, a perspectiva não é boa.