ROSANA HESSEL
O Palácio do Planalto reconhece que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está barrando a entrada do Brasil na Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países ricos. O norte-americano quer esperar as eleições brasileiras para ver qual linha o país seguirá a partir de 2019, sobretudo se o eleito estará comprometido com reformas como a da Previdência Social e com o combate efetivo à corrupção.
Assessores do presidente Michel Temer reconhecem a preferência de Trump pela Argentina, cujo presidente, Mauricio Macri, é próximo do norte-americano. Mas alegam que a demora da resposta da OCDE ao pedido de filiação do Brasil também tem a ver com a incapacidade da entidade de atender os pedidos de adesão que estão em análise. São seis, e o Brasil é o último da lista. A Argentina, a primeira.
Os EUA alegam que já botam dinheiro demais na OCDE. E ampliar o quadro de pessoal da entidade exigirá repasses maiores. O atual grupo de empregados da organização já não consegue fazer todas as análises dos países membros. Por isso, os pedidos de adesão estão se acumulando e vai prevalecendo a orientação dos EUA de não dar andamento ao processo do Brasil.
Durante o governo Lula, o Brasil perdeu a oportunidade de entrar para a OCDE. A entidade fez vários sinais em direção ao país, mas o então ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, dizia que não era importante integrar o clube dos países desenvolvidos. Ou seja, o Brasil esnobou todos os acenos da OCDE.
O decisão de fazer o pedido formal de adesão à OCDE foi tomada pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Ele estabeleceu o ingresso do país como um dos marcos de sua gestão. Mas acabou deixando o cargo para tentar disputar a Presidência da República sem que o processo na organização avançasse.
Brasília, 18h15min