Genial/Quaest: Falta de uma terceira via competitiva beneficia Bolsonaro

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ROSANA HESSEL

A bateção de cabeças entre os candidatos que tentam despontar como terceira via, que culminou, na semana passada, com a mudança de partido do ex-juiz Sergio Moro – que trocou o Podemos pela frente União Brasil e pode ser que não consiga concorrer ais à Presidência nas eleições deste ano –, ajudou o presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme dados da Pesquisa Genia/lQuaest divulgada nesta quinta-feira (7/4).

O chefe do Executivo conseguiu ver a diferença entre o líder das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diminuir diante da falta de uma alternativa viável à polarização entre ambos. Mas ainda não há garantias de mudança dos resultados, pois o petista continua liderando em todos os cenários, tanto no primeiro quanto no segundo turno, de acordo com o levantamento.

Os dados da edição de abril da Pesquisa Genia/lQuaest mostra que, se o primeiro turno fosse hoje, Lula teria 45% contra 31% de Bolsonaro no primeiro turno na pesquisa de intenção de voto estimulada. Em março, os percentuais eram de 46% a favor de Lula e 26% de Bolsonaro. Foi a primeira vez que o chefe do Executivo conseguiu atingir um percentual acima de 30%, taxa que é vista como teto para o atual inquilino no Palácio do Alvorada.

“A terceira via desanimou seu público com as desistências da semana passada”, disse o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest e coordenador da pesquisa encomendada pela Genial Investimentos. “A mudança mostrada é fruto do vácuo deixado por Moro. Não porque o governo conseguiu apresentar resultados melhores de políticas”, explicou.

Na avaliação do especialista, esse cenário só vai mudar se houver uma mudança significativa na economia. “É a volta de quem não foi! Ou seja, o eleitor bolsonarista está voltando com o desânimo produzido pela terceira via”, disse. Segundo ele, esses 31% de intenção de voto para Bolsonaro é “quase o teto”, pois a rejeição bateu 61%.

Cenários

Conforme o levantamento, Lula continua na liderança nos seis cenários pesquisados. Com Sergio Moro na disputa, o petista tem 44% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro, 29%, e o ex-juiz, em terceiro lugar, 6%. Já o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) ficou com 5% . Sem Moro na disputa, Ciro ficou em terceiro lugar, com 6% da preferência. Já Lula, 45%, e Bolsonaro, 31%.

De acordo com a pesquisa, as movimentações políticas de Moro e do ex-governador João Dória tiveram impacto direto na melhoria dos números de Bolsonaro.

Logo, se o ex-juiz saísse hoje da disputa, dos 6 pontos que apresenta nas intenções de voto, dois iriam para Bolsonaro e os outros quatro se diluíram entre Lula, o ex-governador Ciro Gomes (PDT), e o próprio Dória. O número de brancos e nulos também cresce, segundo os dados do levantamento. Ciro, hoje, oscila entre 5% e 7%, de acordo com o cenário.

Segundo turno

Em um eventual segundo turno, hoje, Lula venceria os adversários nos cinco cenários pesquisados com 55% a 58% da preferência. Esses percentuais são maiores do que os da pesquisa anterior. Em março, os percentuais a favor do petista variaram de 51% a 57%. Na média, as intenções de voto de Lula passaram de 54%, em março, para 55%, em abril. Já o percentual a favor de Bolsonaro subiu de 32% para 34%, na mesma base de comparação. É o maior percentual desde o início da pesquisa, em julho de 2021.

“O que aconteceu foi uma acomodação de forças por conta do vácuo deixado pelo Moro”, resumiu Nunes.

Conforme os dados da pesquisa, a avaliação do governo vem dando sinais de recuperação e 47% dos brasileiros classificam como negativa a administração de Bolsonaro. No mês passado, esse percentual era de 49%. Em março, 24% dos brasileiros consideravam a gestão atual positiva. Esse número, agora, é de 26%.

O levantamento foi realizado entre os dias 30 de março e 3 de abril. Foram realizadas duas mil entrevistas em 127 mil municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

A Pesquisa Genial/Quaest trabalha com metodologia inédita de acompanhamento da opinião pública brasileira, começou em julho de 2021 e se estenderá até novembro de 2022. No total, serão 24 rodadas de pesquisa nacional, cada uma delas implicando em duas mil coletas domiciliares face a face, realizadas nas 27 unidades da federação, abrangendo 123 municípios.

Vicente Nunes