Genial-Quaest: Economia ajuda a melhorar avaliação de Lula

Compartilhe

ROSANA HESSEL

A surpresa positiva dos indicadores econômicos, apesar dos juros elevados, estão ajudando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ser melhor avaliado pelos eleitores nesses seis meses de governo. De acordo com a 3ª edição do ano da pesquisa de avaliação do governo da Pesquisa Genial-Quaest, divulgada nesta quarta-feira (21/6), a aprovação do terceiro mandato do petista melhorou, passando de 51%, em abril, para 56%, em junho – mesmo percentual de fevereiro.

Conforme o levantamento, entre os que votaram em Jair Bolsonaro, a aprovação subiu de 14% para 22%.  No grupo dos que votaram branco ou nulo ou não foram votar, 54% aprovam o governo e 36% desaprovam.  Já entre os entrevistados que recebem o Bolsa Família, a aprovação do chefe do Executivo continua maior: passou de 71%, em fevereiro, para 68%, em abril, e para 69%, em junho. Enquanto os que não recebem o benefício, a aprovação do governo passou de 46%, em abril,  para 56%, em junho, mesmo patamar de fevereiro.

“Os bons ventos da economia empurrando a aprovação do governo”, sintetizou o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa, em entrevista ao Blog. Segundo ele, a melhora da aprovação do governo é resultado da percepção dos eleitores de que a economia melhorou nos últimos 12 meses, passando de 23%, em abril, para 32%, em junho, dado acima dos 30% de fevereiro, na primeira edição do levantamento.

Enquanto isso, para 38% dos entrevistados, a economia ficou do mesmo jeito no mesmo período, dado próximo aos 39% de abril e acima dos 37% de fevereiro. Já o percentual que considerou que a economia piorou, que estava em 30% em fevereiro, avançou para 34%, em abril, e recuou para 26%, em junho. “Isso reflete a chance que as pessoas estão dando ao governo porque a maioria percebeu uma economia melhor”, explicou o analista.

Para 46% dos eleitores, a economia está indo na direção correta, segundo a pesquisa. A expectativa de 37% dos entrevistados é de que o desemprego diminua, e 29% acreditam que a inflação vai cair. O comportamento do poder de compra ainda é dúvida: 31% acreditam que vai aumentar, 30% que vai diminuir e 35% acham que nada mudará.

“Quando abrimos a avaliação, dá para ver que o aumento da aprovação de Lula se deu pelo crescimento do número de regular do governo. O positivo ficou estável, ou seja, a aprovação melhorou, mas não quer dizer que isso seja definitivo”, destacou Nunes.

Portanto, é bom o governo não descuidar da área econômica, porque, conforme os dados da pesquisa, a maioria dos entrevistados (30%) considera a economia o principal problema do país hoje e, em segundo lugar, com 20% das respostas, ficou a educação. Em fevereiro, houve um empate entre os dois, de 29%.

De acordo com Nunes, em fevereiro, 16% dos entrevistados não sabiam avaliar o governo. Em abril, quase todo mundo se posicionou como negativo, passando de 28% para 42%. “Agora, em junho, o negativo oscilou para baixo (40%) e a não resposta diminuiu mais, de 6%, em abril, para 4%”, acrescentou.

Público mais exigente

O desempenho de Lula nos primeiros seis meses de governo é melhor que o de Jair Bolsonaro (PL), porém pior do que seus dois primeiros mandatos, de acordo com a pesquisa. Para 49% dos entrevistados o petista está fazendo um trabalho melhor do que o antecessor. Esse percentual, contudo, é menor do que os 60% registrados em fevereiro. Nesse mesmo período, a fatia de eleitores que consideram que Lula está fazendo um trabalho pior do que Bolsonaro passou  de 27%, em fevereiro, para 34%, em março.

Na comparação com os dois mandatos anteriores, também houve piora nas avaliações da gestão atual. Segundo a pesquisa, 35% dos entrevistados acham que Lula está fazendo um trabalho melhor e 33% pior. Em fevereiro, esses percentuais eram de 53% e 25%, respectivamente.

A pesquisa ainda destacou que, nos primeiros seis meses do terceiro mandato, Lula tem avaliação positiva de 37% dos eleitores, contra 33% de Bolsonaro no mesmo período de seu governo. Comparado aos mandatos Lula1 e Lula2, entretanto, a avaliação é pior. Nos primeiros seis meses do primeiro governo Lula, a aprovação era de 42%, índice que subiu para 48% no segundo mandato.

Na relação com o Congresso Nacional, 51% consideram que Lula tem mais dificuldade do que Bolsonaro. No entanto, 48% avaliam que o presidente não deve liberar mais recursos para aprovar seus projetos.

A pesquisa feita pela Quaest para a Genial Investimentos ouviu 2.029 pessoas, presencialmente, durante os dias 15 a 18 de junho, em 120 municípios. A margem de erro estimada é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Vicente Nunes