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Genial/Quaest: 89% dos eleitores condenam invasão de 8 de janeiro

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Um ano depois, a invasão de vândalos às sedes dos Três Poderes continua sendo condenada pela maioria avassaladora dos brasileiros. Conforme dados da Pesquisa Genial/Quaest divulgada, neste domingo (06/01), 89% dos entrevistados condenam a tentativa de golpe à democracia e dos ataques aos prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.

 

O levantamento da Quaest, encomendado pela Genial Investimentos, mostra que em todas as regiões do país, faixas de renda, escolaridade e idade, em torno de 90% dos brasileiros condenam os atos, muito próximo aos 94% de rejeição captados logo depois dos acontecimentos, em fevereiro de 2023.

 

Entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o índice de desaprovação dos ataques de vândalos chega a 85%. E, entre os que avaliam positivamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a reprovação é maior, e chega a 93%.

 

“A rejeição aos atos do 8/1 mostra a resistência da democracia brasileira. Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional”, disse o cientista político Felipe Nunes, diretor e fundador da Quaest, em nota da consultoria enviada ao Blog.  Nunes é autor do livro Biografia do abismo – como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil, escrito em parceria com o jornalista e analista político Thomas Traumann. A publicação, lançada em dezembro de 2023 pela editora HarperCollins, mostra como a polarização transbordou dos palanques para o cotidiano dos brasileiros.

 

De acordo com a pesquisa da Quaest, a influência de Bolsonaro na organização dos atos divide opiniões. Cinquenta e um por cento dos entrevistados acham que os participantes das invasões da Praça dos Três Poderes são radicais e não representam os eleitores do ex-presidente. Esse percentual é levemente maior do que o registrado em fevereiro de 2023.

 

Para 47% dos entrevistados, o ex-presidente teve influência na invasão da Praça dos Três Poderes. Outros 43% pensam que ele não influenciou o episódio que entrou para a história como o “Dia da Infâmia”, como denominou a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber.

 

Em fevereiro de 2023, essa diferença era menor. A maioria (51%) acreditava que sim, e 38% que não. No recorte regional, o destaque é a região Sul, onde em fevereiro as duas opiniões estavam empatadas em 46% e a última pesquisa registra 53% que acreditam em alguma influência e 39% que têm opinião contrária. No recorte por voto no segundo turno, a polarização é total: 76% dos eleitores de Lula acusam e 81% defendem o ex-presidente, com oscilação mínima sobre fevereiro.

 

Entre os eleitores de Lula no segundo turno, 59% acreditam que os invasores representam os eleitores do ex-presidente, contra 30% que pensam o contrário. Entre os que avaliam positivamente o governo Lula, 56% acham que os invasores representam os eleitores de Bolsonaro, enquanto 30% acreditam que são radicais.

 

 

Capitólio tupiniquim

 

 

Ao comparar a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, o cientista político lembrou que 9% dos americanos aprovavam fortemente os atentados à democracia dos EUA. No Brasil, esse percentual foi menor, de 4%. Em janeiro de 2022, um ano depois, esse percentual passou para 14%. E, no Brasil, chegou a 6%, “menos da metade”. E, em janeiro de 2023, chegou a 20%. “Só entre os leitores republicanos, 32% apoiavam a invasão que tentou impedir a confirmação de Joe Biden como presidente dois anos depois”, destacou o diretor da Quaest.

 

Na avaliação de Nunes, Biden cometeu um erro ao partidarizar a invasão do Capitólio. “Foi isso que permitiu aos republicanos se recuperarem meses depois do mais violento ataque à democracia americana. O 6 de janeiro nos EUA não é hoje um tema da democracia, mas da polarização partidária: Democratas x Republicanos. No Brasil, para que os índices de apoio às invasões continuem baixos Lula não deve partidarizar o assunto. É imperativo que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, porque trata-se de um problema do Estado brasileiro. É a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia que estão em jogo neste caso”, acrescentou.

 

A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 18 de dezembro, com 2.012 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

 

 

Veja alguns destaques da pesquisa: