Para Rêgo Barros, que foi porta-voz do governo, a maior “peleja” da sociedade “é não permitir que os líderes políticos, independentemente da coloração partidária, nos instile o veneno da aversão ao discordante”. Para ele, “a sã política é filha da moral e da razão”.
As palavras do general ecoam em meio ao turbilhão de barbaridades ditas por Bolsonaro, que chegou ao absurdo de usar um suicídio para tirar proveito político na disputa insana que trava com o governador de São Paulo, João Dória, de olho em 2022.
No entender do ex-porta-voz, é preciso “encontrar fórmulas para fortalecer as decisões individuais dos eleitores, que lhes permitam tecer poderosos escudos contra invencionices de campanha e mentiras transformadas em verdade pela repetição”.
Numa analogia às eleições americanas, vencidas pelo democrata Joe Biden, e citando o escritor Sérgio Buarque de Holanda, o general diz que a substituição dos detentores de poder público, para ser efetiva, precisa vir acompanhada de transformações complexas e verdadeiramente estruturais na vida da sociedade.
Bolsonaro, como se sabe, vendeu o discurso de que seu governo romperia com todo o sistema tradicional da política e que haveria um combate sem tréguas à corrupção. O que se vê quase dois anos depois de ele ter tomado posse é que se associou ao Centrão, o grupo político mais fisiológico do país, cujos principais líderes ou estão preso ou estão na mira de ser.
O presidente, portanto, manteve intacta a estrutura que prometeu combater apostando que, assim, se manterá no poder e conseguirá proteger seus filhos, cada vez mais enrolados com a Justiça. Bolsonaro só olha para o próprio umbigo.
Brasília, 18h01min