General Braga Netto não passou no teste da educação

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O general Braga Netto, interventor do Rio de Janeiro, não passou no primeiro teste de educação e de transparência. Na entrevista que concedeu hoje, o general esbanjou arrogância e sonegou informações. Diante da reação dos jornalistas indignados com postura dele, tratou de disparar: “Não é no grito que vocês terão as informações”.

Braga Netto corre o risco de cair no autoritarismo. Mas ele precisa se dar conta, enquanto é tempo, de que os tempos do militarismo acabaram. Ele é um simples funcionário público e não são as patentes que carrega nos ombros que o deixam acima do bem e do mal. De nada adiantará o trabalho que será feito no Rio se não houver transparência na prestação de contas à sociedade.

Do pouco que revelou, Braga Netto mostrou estar empenhado em investir na inteligência e em reconstruir a infraestrutura das polícias do Rio, que sequer têm carros para fazer a patrulha normal do dia a dia. Sem muito a apresentar, até por falta de disposição, ele cobrou da imprensa que também “mostre as coisas boas que estão acontecendo na segurança do Rio”.

Dinheiro público

Assim que foi nomeado interventor do Rio, o general disse que muito da violência que assusta os moradores do Rio era “mídia”, como se a imprensa exagerasse na divulgação dos casos de assassinatos, assaltos, arrastões que aterrorizam todos os fluminenses.

Seria bom Braga Netto descer do pedestal e trabalhar duro e com transparência. Além de estar sendo pago com dinheiro público, ele precisa mostrar que realmente é capaz de resolver os problemas de segurança no Rio. Autoritarismo não funciona nunca. Autoritarismo sem competência será o fim do mundo.

A população está dando um grande voto de confiança às Forças Armadas nesse processo de intervenção. Não pode se decepcionar. Até porque uma experiência exitosa no Rio será importante para ser replicada pelo restante do país, que está entregue aos desmandos e ao crime organizado.

Brasília, 10h48min

Vicente Nunes