General Azevedo e Silva, que se demitiu do Ministério da Defesa, diz que política tem que ficar do lado de fora dos muros dos quartéis

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A surpreendente demissão do general Fernando Azevedo e Silva está relacionada a uma possível pressão do presidente Jair Bolsonaro de apoio explícito das Forças Armadas ao governo. Para o general, é impossível misturar as Forças Armadas com qualquer governo.

Em entrevista ao programa CB.Poder, na quinta-feira (25/03), ele foi claro ao ser perguntado onde estava a separação entre a política e as Forças Armadas. Ele foi enfático na resposta: “A política tem que ficar do lado de fora dos muros dos quartéis. As Forças Armadas são instituições de Estado”.

Pois foi exatamente o que ele disse na sua carta que encaminhou a Bolsonaro nesta segunda-feira (29/03) ao comunicar a sua demissão do cargo de ministro. Ele reforça que, no período em que esteve à frente do Ministério da Defesa, “preservou as Forças Armadas como instituições de Estado”.

Outro motivo que pode ter relação com a demissão de Azevedo, segundo fontes, seria a pressão de Bolsonaro para que ele arrumasse um cargo no ministério para o general Eduardo Pazuello, que foi demitido do Ministério da Saúde depois de uma gestão desastrosa.

Os militares estavam muito insatisfeitos com Pazuello no governo. E viam no péssimo desempenho dele um arranhão enorme na imagem do Exército e, por consequência, das Forças Armadas.

Veja a íntegra da nota de demissão de Azevedo e Silva.,

“Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa.
Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições deEstado.
O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da
população brasileira.
Saio na certeza da missão cumprida.”

Vicente Nunes