A diferença do custo do câmbio entre os meses de agosto é grande. Enquanto no ano passado a moeda norte-americana estava cotada, em média, a R$ 3,15, passou para R$ 3,93, em média, em agosto de 2018. A alta representa uma desvalorização cambial de 24,8%.
“Numa conta rápida, se o dólar passou de R$ 3,15 para R$ 3,93, ficou mais barato para o estrangeiro vir para o Brasil, ou seja, deveríamos esperar um aumento da receitas de viagens (gasto de gringos no território brasileiro), e ficou mais caro para o brasileiro gastar no exterior. Ou seja, devemos verificar uma queda nas despesas”, disse Fernando Sampaio Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas da autoridade monetária.
Foi exatamente isso que ocorreu em agosto deste ano. Comparando com o mesmo mês do ano passado, o custeio dos brasileiros nos outros países caiu de US$ 1,74 bilhões para US$ 1,38 bilhões. Os gastos dos gringos no Brasil passou de US$ 455 milhões para US$ 482 milhões.
Com o dólar alto, o brasileiro vê o custo da viagem para fora mais salgada e revê as despesas. “Em geral, ocorre um adiamento dessas compras ou da própria viagem. Ou, então, uma redução dos gastos pretendidos, redução da duração da viagem, ou, eventualmente, acaba cancelando a viagem. Nesses três casos, isso afeta diretamente a conta de despesas”, declarou Rocha.
Os menores gastos dos brasileiros no exterior deve continuar em setembro. Segundo Rocha, até o dia 20 deste mês, foram gastos US$ 557 milhões líquidas com viagens fora do país. “Se fizermos uma regra de três simples, esse número vai para apontar para um valor abaixo neste mês, mostrando uma continuidade dessa tendência, já que, no mês de setembro houve maior desvalorização do real”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC.
Em setembro, o dólar chegou a ultrapassar R$ 4,20. A moeda está sendo cotada a R$ 4,06 nesta segunda-feira (24/9).
No acumulado do ano, as despesas com viagens ainda tem um crescimento de 2,1%, saindo de US$ 12,4 bilhões para US$ 12,6 bilhões. Mas, seguindo a tendência, este ganho está ficando cada mês menor, ressaltou Rocha.
Contas externas
Em agosto, o relatório de estatísticas do setor externo do Banco Central também mostrou que as transações correntes de agosto registraram déficit de US$ 717 milhões, o que representa uma melhora em comparação com o mesmo mês de 2017, quando marcou déficit de US$ 320 bilhões. No acumulado de 12 meses, acumulou perdas de US$ 15,5 bilhões, o que corresponde a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados foram divulgados na manhã desta segunda-feira (24/9) pelo Banco Central.
A conta de transações correntes é formada por três elementos: a balança comercial, que representa o comércio de produtos entre o Brasil e outros países, pelos serviços adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (primárias e secundárias), que engloba remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior.
A balança comercial registrou superávit de US$ 3,4 bilhões. As importações somaram US$ 19,1 bilhões, contra US$ 22,4 bilhões das exportações. O resultado mostrou que houve uma queda de US$ 2 bilhões em relação a agosto de 2017. De acordo com o Banco Central, isso foi possível depois de um volume 35,7% maior de importações de bens.
O relatório também mostrou que os serviços adquiridos pelos brasileiros no exterior atingiu US$ 2,7 bilhões em agosto, o que representa uma queda de 6,1% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Concluindo as transações correntes, a renda primária recuou 44,4% na comparação interanual, somando US$ 1,6 bilhões. A renda secundária marcou US$ 267 milhões.
Transações correntes:
Balança Comercial: superávit de US$ 3,4 bilhões
Serviços: déficit de US$ 2,7 bilhões
Rendas: déficit de US$ 1,8 bilhões
Resultado final: déficit de US$ 717 milhões
O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 391,4 bilhões em agosto, com crescimento de US$ 1,9 bilhão em relação a julho. O montante equivale a 401,5% da dívida externa de curto prazo residual.
Brasília, 12h01min