POR HAMILTON FERRARI
Depois de um pequeno período de alívio, os preços da gasolina voltaram a subir com força em Brasília. Os postos estão aumentando os preços mesmo depois de duas reduções anunciadas nas refinarias pela Petrobras. De 26 estabelecimentos visitados pelo Correio, 14 aumentaram o preço do combustível nesta semana. O valor mínimo passou a ser de R$ 3,32, frente aos R$ 3,25 cobrados anteriormente. Dos estabelecimentos que aumentaram, nove já haviam elevado os preços há duas semanas.
A estatal comunicou que, se as reduções fossem repassadas integralmente às bombas, os consumidores pagariam R$ 0,10 a menos pelo litro da gasolina. Os donos dos postos alegam que estão tendo que repassar para os clientes o forte reajuste do etanol que é adicionado à gasolina. O derivado da cana de açúcar subiu mais de 7% nos últimos 30 dias, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É um absurdo esse aumento”, diz a corretora de imóveis Carla Brandão, 35 anos. Ela afirma que os postos estão voltando às práticas abusivas que prevaleceram antes da intervenção realizada pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) em uma das maiores redes de postos do DF. A intervenção foi motivada pela constatação de cartel na capital do país, conforme constatou a Polícia Federal e o Ministério Público. “A conta, como sempre, fica com os consumidores”, ressalta.
O movimento de reajuste da gasolina é geral. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desde o primeiro anúncio da redução de preços pela Petrobras, em 14 de outubro, a média do litro da gasolina no país passou de R$ 3,63 para 3,67 até a semana passada. No DF, a média passou, no mesmo período, de R$ 3,49 para R$ 3,56.
O funcionário público Mozart Silva, 48, diz que os preços dos combustíveis têm que caírem, não subirem. Ele conta que gasta dois tanques por semana, pagando mais de R$ 100 em cada. “Por mês, gasto em torno de R$ 600 a R$ 800. Se pagasse menos, poderia comprar mais no supermercado”, declara. Os gerentes dos postos alegam que os preços subiram por causa do etanol e por causa das distribuidoras, que não repassaram a queda promovida pela Petrobras. “O repasse foi uma alta”, garante Leila Afonso, 46, gerente de uma posto da Shell na Asa Sul.