ROSANA HESSEL
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, o nº 2 do ministro Fernando Haddad, não perdeu tempo, nesta quinta-feira (5/1), para insistir no convite à economista Elena Landau, ex-diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a fim de que ela integre a equipe econômica. Ele pediu que ela aceite ser a segunda da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, mas a economista recusou o convite.
Galípolo e Elena Landau desceram juntos a rampa interna do Palácio do Planalto para a cerimônia de posse de Tebet. A economista e advogada coordenou o plano econômico da agora ministra para a campanha presidencial, no ano passado, mas ela tem dito aos mais próximos que não pretende aceitar nenhum convite para integrar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O assédio, contudo, está sendo grande. O secretário-executivo, que é muito amigo de Landau, já ofereceu tudo para que ela aceite o convite, porque o interesse dele em levá-la para a equipe é grande. Além de experiência na área econômica, ela é uma voz das vozes entre os liberais mais respeitadas no mercado.
Na avaliação de Elena Landau, apesar das divergências entre Tebet, que defende o pensamento mais liberal na economia, e Haddad e demais integrantes da equipe econômica, como Esther Dweck, ministra de Gestão e Inovação dos Serviços Públicos, a senadora aceitou o desafio porque acredita que poderá contribuir para que o novo governo cumpra o discurso de que haverá muita responsabilidade fiscal. Um sinal de que pode ser esse o caminho é o fato, segundo Landau, de Galípolo e de Bernard Appy, secretário especial da Reforma Tributária, integrarem o governo.
O fato de os dois terem sido vistos juntos fez com que Elena Landau reforçasse o fato de que não pretende participar do governo e afirmou ao Blog que recusou o convite e não há chance de mudar de decisão.
“Houve muito ruído no início do governo, vamos ver o que Lula fala na reunião (de ministros)”, escreveu Elena Landau nas redes sociais. Segundo ela, a pior sinalização foi a do ministro da Previdência, Carlos Lupi, que falou que não há deficit na Previdência Social e ainda cogitou revogar a reforma realizada em 2019. Outra crítica que a economista tem feito é em relação a uma possível mudança na Lei das Estatais.
“A Lei das Estatais que permite que pessoas que tiveram vida pública assumam cargos (nas empresas controladas pelo governo). A indicação não é uma coisa errada. É preciso qualificação técnica para assumir os compromissos”, destacou.
Após a posse de Tebet, em entrevista aos jornalistas, Elena Landau minimizou as divergências ideológicas entre Tebet e Haddad, e reforçou que ambos estão preocupados com a responsabilidade fiscal e social. “O importante é ter um grupo unido junto”, frisou.