O evento está sendo estruturado pela Universidade Corporativa de Previdência Complementar (UniAbrapp). O tema: Estrutura, governança e sustentabilidade na América do Norte. Cada participante terá que desembolsar US$ 4,5 mil, incluindo a passagem aérea. Esse valor, porém, será bancado pelas fundações nas quais os inscritos trabalham.
Não poderia ser pior o momento para a Abrapp fazer esse tipo de evento no exterior. Deveria, sim, concentrar as energias para cobrar dos fundos de pensão que fixem regras mais rígidas a fim de coibir a roubalheira que impera em muitas fundações, sobretudo às ligadas a empresas estatais.
A Abrapp, contudo, prefere se calar. Alguém viu um de seus representantes levantar a voz contra a corrupção nos fundos de pensão? Ninguém o faz por corporativismo. Vários dos dirigentes de fundações que se tornaram alvos da Polícia Federal já passaram pela entidade, inclusive em cargos de direção.
Em vez de assumir que o setor está com sérios problemas, que o dinheiro do trabalhador para garantir o complemento da aposentadoria não está protegido como deveria, a Abrapp prefere promover um rega-bofe no Canadá. Os participantes terão direito a levar acompanhantes e estender a viagem por mais três dias.
Enquanto isso, os trabalhadores da Caixa Econômica Federal, dos Correios e da Petrobras terão que fazer aportes adicionais às respectivas fundações para terem pelo menos o direito de se aposentarem dignamente. Esse é o setor de fundos de pensão, que, em vez de ocupar as páginas de Economia dos jornais, não saem das páginas policiais.
Brasília, 19h01min