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Banco do Brasil Foto: Edson Gês/CB/D.A Press Banco do Brasil

Funcionário do BB que aderir ao PDV poderá receber até R$ 450 mil 

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O Banco do Brasil lançou um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV) e espera a adesão de até 5 mil empregados dos 92,1 mil trabalhadores da instituição. Como estímulo, deverá pagar de R$ 10 mil até, no máximo, R$ 450 mil de indenização para quem aderir ao programa, dependendo do perfil de cada trabalhador e do tempo de serviço. 

A ideia do BB é estimular a demissão de trabalhadores que ganham mais do que a média e exercem funções que poderiam ser ocupadas por funcionários com remuneração inferior, como a de caixas. O prazo para a adesão ao Programa de Demissão Extraordinário (PDE), lançado nesta segunda-feira (11/01), expira em  5 de fevereiro de 2021 e a expectativa do BB é que, se a meta for alcançada, a economia até 2025 deverá ser de R$ 3 bilhões. 

 

Conforme o tipo de desligamento, inclusive, aposentadoria antecipada, a indenização pecuniária será de acordo com a pontuação pessoal obtida no cálculo de cada trabalhador, tendo o placar final como multiplicador do “salário-base” do funcionário interessado, segundo o BB. O “salário-base” corresponde à soma de verbas pessoais descritas em regulamento, não sendo consideradas aquelas relacionadas ao exercício de função. 

 

O BB também lançou um Plano de Adequação de Quadros (PAQ), para remanejamento de pessoal e anunciou um plano de reestruturação que prevê o fechamento de 361 postos de atendimento, incluindo 112 agências pelo país

 

A economia com essas medidas de enxugamento é de R$ 2,7 bilhões até 2025, conforme o fato relevante do banco divulgado ao mercado. Esse montante, junto com os R$ 3 bilhões para o PDE, resultam em o impacto fiscal será de R$ 5,7 bilhões, em cinco anos. 

 

Contudo, incluindo medidas adotadas no ano passado de modernização das plataformas, como Performa e Flexy BB, a economia adicional é de R$ 3,3 bilhões até 2025, ou seja, R$ 9 bilhões “ em ganhos de eficiência” no mesmo período, de acordo com informações do BB.

 

Atualmente, o Banco do Brasil  possui 92,1 mil funcionários e tem uma carteira de 72,5 milhões de clientes, mas é considerado o “dinossauro dos bancos”. As duas maiores instituições privadas do país, o Itaú Unibanco e o Bradesco empregam 97 mil e 95,9 mil, respectivamente, conforme dados do balanço de setembro de 2020 dessas corporações. O Bradesco possui 70 milhões de clientes, 31,9 milhões de correntistas. Já o Itaú, cuja marca vale R$ 33,5 bilhões, possui 56 milhões de clientes no varejo.

 

Foco na digitalização

 

Com o novo plano de enxugamento, pretende reforçar as ações de incentivo ao uso de canais digitais, pois vem sofrendo concorrência com os avanços das fintechs e bancos digitais. Desde 2016, o volume de transações em guichês de caixa no BB caiu 42%, enquanto o uso do mobile praticamente dobrou no mesmo período e já responde por 86% das transações, junto com o internet banking. Segundo a instituição, desde abril, o App do BB ganhou mais 4,7 milhões de usuários, totalizando 19,4 milhões, com uma média diária de crescimento 273% maior do que no período anterior à pandemia. O atendimento pelo WhatsApp também registrou crescimento expressivo chegando a 600 mil por dia.

 

O BB prevê a migração de 1,3 milhão de clientes que passarão a contar com gerente de relacionamento exclusivo e ferramentas digitais de interação, conforme informações da instituição. A ferramenta “Fale.Com” será o canal predominante do modelo dos Escritórios Leves, novo modelo de relacionamento digital do BB. A ideia do banco é abrir 14 Escritórios Leves Digitais, que se somam aos dois já existentes em Bauru (SP) e Recife (PE). 

 

Outro foco de investimento acontece no atendimento especializado ao agronegócio. E, para isso, o banco abrirá mais 14 agências Agro, especializadas no segmento em que detém 63,8% da participação do mercado de crédito rural no Sistema Financeiro Nacional.

 

Críticas

 

Contudo, o fato de o BB não revelar quais as agências serão fechadas, está criando uma série de críticas de sindicatos sobre a falta de transparência do programa. Procurado, a instituição apenas informou que pretende informar, posteriormente, os clientes.

 

Para a Associação Nacional de Funcionários do BB (ANABB), faltou transparência e uma consulta prévia junto aos empregados. A entidade, inclusive, enviou ao presidente do do Banco do Brasil, André Brandao, um ofício criticando as medidas e solicitando uma audiência urgente com o executivo.

 

Veja a íntegra do ofício da ANABB enviado à presidência do banco ao qual o Blog teve acesso:

 

Ao sr. Presidente do BB

 

Em comunicado ao mercado hoje (11/01) o Banco do Brasil anuncia que serão desativadas 361 unidades, sendo 112 agências, sete escritórios e 242 postos de atendimento. O comunicado informa também de uma reestruturação dos quadros e desligamento de pessoal.

Em meio à maior crise econômica do País as medidas anunciadas prejudicam diretamente os recursos humanos do BB, o ativo mais valioso da empresa e responsáveis diretamente pelos resultados esperados pelos acionistas.

A ANABB (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil) expressa sua preocupação diante das intenções da diretoria do BB em implementar novo programa de demissões, fechar agências e pontos de atendimento, com inequívocos reflexos negativos para a população e, especialmente, para milhões de clientes do Banco.

Além de sobrecarregar uma rede onde os funcionários têm se desdobrado para prestar serviços de qualidade, alcançar metas e suportar severas pressões e cobranças, a medida desconsidera a realidade brasileira, a dimensão geográfica do País e a necessidade de manter atendimento presencial para milhares de brasileiros. Lamentamos, inclusive, a falta de transparência uma vez que não há informações claras a respeito das unidades que serão fechadas.

A atuação em plataformas digitais é estratégica, mas não pode ser realizada com prejuízos para a rede física e para o atendimento presencial, considerando a diversidade de perfis dos mais de 70 milhões de clientes do BB.

As medidas transmitem uma percepção de “cortina de fumaça” para encobrir as intenções privatistas em torno do BB. Uma forma de desfazer de patrimônio público é ir, gradativamente, enfraquecendo as empresas e comprometendo seu desempenho.

A ANABB entende que o esvaziamento do BB e o enfraquecimento de sua atuação em áreas chave de negócios, compromete sua solidez e seu papel de banco público.

O anúncio pode satisfazer expectativas do mercado de curtíssimo mercado, mas estão na contramão do papel histórico e institucional do Banco do Brasil na economia brasileira, sobretudo em situações de estagnação econômica e de desafios para a retomada do desenvolvimento.

Ademais, cabe registrar que faltou, também, transparência do BB ao não informar as agências e unidades que serão fechadas e, muito menos, apresentar o plano para as entidades representativas.

Em virtude da complexidade das medidas anunciadas, e sem discussão prévia com os funcionários e com as comunidades atingidas, a ANABB reivindica revisão das medidas anunciadas, de forma a preservar os interesses dos acionistas e de toda a sociedade.

Paralelamente, ao expor brevemente nossas preocupações, solicitamos uma audiência urgente com o Presidente do Banco do Brasil para que possamos levar nosso posicionamento e conhecer, inclusive, as localidades que serão penalizadas pelo fechamento de unidades do BB, bem como avaliar os reflexos dessa decisão na Previ e na Cassi.

 

Atenciosamente,

Reinaldo Fujimoto

Presidente da ANABB