ROSANA HESSEL
Enquanto não consegue resolver o imbróglio criado pela falta de um bom nome para presidir a Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda vai ter que conviver com um exército de apoiadores insatisfeitos, os caminhoneiros, que estão procurando interlocução com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições majoritárias de outubro.
“O Lula tem adotado um discurso está em linha com o nosso e queremos conversar com ele e outros pré-candidatos para que eles incluam no plano de governo o fim dessa PPI e busquem uma alternativa para amortizar para os consumidores uma alta dos preços do petróleo muito forte no mercado internacional”, disse Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores Automotores (Abrava) e um dos líderes da greve de 2018. “O conto de fadas acabou. Fomos iludidos em 2018 e agora não vamos cair mais (na conversa de Bolsonaro)”, disse Chorão, em entrevista ao Blog, que já conversou com “pessoas muito próximas” de Lula e sua equipe está tentando agendar um encontro com o ex-presidente.
Chorão contou que frustração dos caminhoneiros com Bolsonaro é generalizada e a categoria partiu em busca de um candidato que possa ouvi-los e não faça novas promessas vagas. Para eles, é preciso que os uma alternativa mais viável à política de paridade de preços internacionais da Petrobras, a PPI, implementada em 2016, durante o governo Michel Temer (MDB), que ajudou a estatal a lucrar mais de R$ 100 bilhões no ano passado.
Em propaganda na televisão, Lula vem criticando a PPI e reforçou a tese de que os brasileiros ganham em reais e não podem continuar pagando a variação em dólar do combustível, em um discurso parecido com o dos caminhoneiros quando criticam a alta dos preços dos combustíveis. “Nossa ideia é conversar com todos os presidenciáveis, inclusive, com Sergio Moro (União) se ele for mesmo candidato”, disse Chorão, que contou que já teve um encontro recente com o ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.
“O que precisamos é de um candidato que vai tentar fazer alguma coisa e não venha prometendo apenas. É preciso que ele coloque em seu plano de governo a mudança na política de preços da Petrobras”, afirmou o líder dos caminhoneiros. Ele reforçou que a categoria está bastante desiludida com Bolsonaro, porque tanto ele quanto o ex-ministro Tarcisio Gomes (PL) — que deixou o cargo para disputar o governo de São Paulo –, não cumpriram as promessas de campanha e o que concederam foi tudo “balão apagado”, como a promessa do auxílio diesel de R$ 400 que não enche o tanque de um caminhão que tem 600 litros. “A gente não quer esmola, apenas condição de trabalhar com dignidade”, frisou.
Chorão lembrou que a Abrava, inclusive, têm ação na Justiça para acabar com essa prática, mas que está tramitando a passos lentos nos tribunais do Rio de Janeiro. “Estamos aguardando e torcendo para alguma decisão favorável”, disse.