A 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro autorizou hoje a prisão de Adilson Florêncio da Costa, ex-diretor financeiro do Postalis, o fundo de pensão dos empregados dos Correios. A detenção comoveu a capital do país. Adilson é o menino que, em 1977, foi resgatado do fosso do zoológico da cidade, onde quase foi morto por ariranhas. O bombeiro que o salvou morreu dias depois.
Também foram presos os sócios do Grupo Galileu, de quem o Postalis e a Petros, a fundação dos funcionários da Petrobras, compraram R$ 100 milhões em debêntures com a promessa de recuperar a quase falida Universidade Gama Filho. O negócio se mostrou terrível para os fundos de pensão, que amargaram grande prejuízo.
Junto com Adilson, preso em Brasília, foram detidos Márcio André Mendes Costa, Ricardo Andrade Magro e Carlos Alberto Peregrino da Silva, do Galileu; Paulo César Prado Ferreira da Gama e Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz, então representantes legais da Gama Filho; e o advogado Roberto Roland Rodrigues da Silva Júnior.
A Operação Recomeço está sendo conduzida pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) e pela Polícia Federal. Além do Postalis, está sendo alvo da investigação a Petros. Foram autorizadas prisões de sete pessoas e a busca e apreensão em 12 endereços, sendo um em Brasília, um em São Paulo e os demais no Rio de Janeiro. Foi determinado ainda o bloqueio de bens e ativos financeiros, inclusive no exterior, de 46 pessoas físicas e jurídicas, num total superior a R$ 1,35 bilhão.
Histórico
Em dezembro de 2010, o Grupo Galileo emitiu debêntures no valor de R$ 100 milhões para captar recursos a fim de recuperar a recém-adquirida Universidade Gama Filho. As investigações encontraram fortes indícios de que o dinheiro captado foi ilegalmente desviado para outros fins, em especial para contas bancárias dos investigados, de terceiros e de pessoas jurídicas relacionadas aos investigados, o que levou à quebra definitiva da Gama Filho e da UniverCidade, também mantida pelo grupo, e ao descredenciamento delas pelo Ministério da Educação em 2014, com danos a milhares de estudantes.
O esquema, segundo o Ministério Público, também prejudicou o Postalis e a Petros, que adquiriram, em 2011, as debêntures do Grupo Galileo confiando na recuperação da Gama Filho. Os participantes dessas fundações perderam R$ 90 milhões. “A gravidade dos supostos crimes cometidos é potencializada por dois fatores sociais cruéis: o prejuízo em suas aposentadorias sofrido pelos segurados dos fundos de pensão e o irreversível dano que milhares de alunos das universidades Gama Filho e UniverCidade tiveram que suportar em razão do conexo descredenciamento efetivado pelo MEC por conta da ruína dessas instituições de ensino”, diz o procurador regional da República Márcio Barra Lima. Ele coordena com o procurador da República Paulo Gomes o grupo de quatro procuradores que conduz a investigação.
Brasília,