“As previsões voltaram a crescer, porque o ponto de inflexão já se foi. Agora, a tendência é que as economia melhore dentro do possível”, apostou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. Para ele, o resultado das pesquisas de opinião não alteram o rumo da economia. “A agenda mais importante do Brasil é a velocidade na aprovação da reforma da Previdência, nada é mais importante”, frisou.
Contudo, em meio às divulgações da pesquisa do Datafolha de aumento da rejeição do presidente Jair Bolsonaro, passando de 33%, em julho, para 38%, em agosto, e a mais um capítulo da guerra comercial entre Estados Unidos e China, as opiniões do mercado estão divididas sobre o impacto da política na retomada da economia. O país não conseguiu crescer quando o PIB global avançava em ritmo mais forte nos últimos anos, e, agora, com a ameaça de desaceleração de vários países emergentes e desenvolvidos, terá um desafio bem maior para se recuperar se houver um agravamento da crise política.
O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, foi categórico ao afirmar que o retrocesso já ocorreu e há possibilidade de piora devido às declarações polêmicas de Bolsonaro que geram desconfiança entre investidores. “A política sempre afeta a economia, diretamente através das expectativas e, indiretamente, através de fatores que, à primeira vista, não parecem ser econômicos, mas que, na prática, são”, disse ele, em entrevista no fim de semana ao jornal O Globo.
Inflação e Selic
As estimativas do Focus para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no acumulado do ano voltou a cair pela quarta vez consecutiva, passando de 3,65%, na semana passada, para 3,59%, nesta semana. Esse dado está bem abaixo do centro da meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,25% anuais.
O câmbio registrou alta do dólar para o fim do ano, passando de R$ 3,80 para R$ 3,85 na mesma base de comparação do boletim do BC. A expectativa para a taxa básica da economia (Selic) permaneceu em 5% para o fim do ano, confirmando as apostas do mercado de que o BC continuará com o ciclo de redução dos juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).