O organismo multilateral reduziu em 0,8 ponto percentual a estimativa de expansão da economia mundial de janeiro, passando de 4,4% para 3,6%, conforme dados do relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (19/4), durante o encontro anual de primavera (no Hemisfério Norte) do organismo multilateral, que ocorre entre os dias 18 e 24 deste mês na sede da instituição, em Washington.
As novas projeções do FMI estimam crescimento de 3,6% do PIB global em 2023, dado 0,2 ponto percentual abaixo dos 3,8% previstos em janeiro, quando foi feita a atualização das estimativas do Fundo de outubro, no encontro anual de outono que previam avanço de 4,9% na economia mundial.
De acordo com o Fundo, a crise atual, desencadeada pela guerra na Ucrânia sem que o mundo se recuperasse totalmente do abalo provocado pela pandemia da covid-19, continuará tendo divergências significativas entre as recuperações econômicas dos mercados desenvolvidos e dos emergentes. Mas os efeitos econômicos da guerra “estão se espalhando como ondas sísmicas que partem do epicentro de um terremoto”.
“Além da guerra, frequentes e abrangentes bloqueios na China – inclusive nos principais centros de fabricação – também desaceleraram a atividade lá e podem causar novos gargalos nas cadeias de suprimentos globais”, alertou.
O FMI reduziu em 0,6 ponto percentual a previsão de expansão do PIB dos Estados Unidos neste ano, de 3,9%, em janeiro, para 3,3%. A estimativa para a alta do PIB da maior economia global em 2023 passou de 2,6% para 2,4%. O Fundo ainda reduziu de 4,8% para 4,4% a perspectiva de avanço do PIB da China neste ano e passou a prever alta de 5,1% no PIB chinês em 2023, dado levemente abaixo dos 5,2% estimados em janeiro.
Na contramão, o FMI melhorou a projeção para o crescimento do PIB do Brasil, revisando de 0,3% para 0,8%. Por outro lado, reduziu de 1,6% para 1,4% a estimativa de expansão do PIB brasileiro em 2023.
O organismo multilateral ainda fez um alerta para a inflação mais elevada e mais persistente que levaram a um aperto da política monetária de vários países. Enquanto reduziu as previsões de crescimento global, o FMI elevou as estimativas de inflação, tanto para economias desenvolvidas quanto emergentes, passando de 3,9% e 5,6%, respectivamente, para 5,7% e 8,7%.
“Os riscos gerais para as perspectivas econômicas aumentaram acentuadamente e os trade-offs políticos tornaram-se cada vez mais desafiantes. Além dos impactos humanitários imediatos, a guerra na Ucrânia atrasará severamente a recuperação global, desacelerando o crescimento e aumentando ainda mais a inflação”, destacou o documento do FMI, que prevê recessão tanto na Rússia quanto na Ucrânia. “O colapso na Ucrânia é um resultado direto da invasão, destruição de infraestrutura e êxodo de seu povo. Na Rússia, a queda acentuada reflete o impacto das sanções com o rompimento dos laços comerciais, muita intermediação financeira doméstica prejudicada e perda de confiança”, explicou.