FMI estima que mais de 16 milhões de pessoas da AL caíram na pobreza

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ROSANA HESSEL

Apesar de elevar a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina em 2021, de 3,6% para 4,1%, o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz alerta para o aumento da desigualdade na região. Pelas estimativas de especialistas do organismo multilateral, mais de 16 milhões de pessoas caíram na pobreza devido à crise provocada pela pandemia da covid-19 e podem não melhorar de vida se não houver sucesso nos processos de vacinação.

“O emprego permanece abaixo dos níveis anteriores à crise e a desigualdade, provavelmente, aumentou na maioria dos países. Mais de 18 milhões de pessoas foram infectadas e meio milhão morreram. A falha em conter novas infecções, a imposição de novos bloqueios e a consequente mudança no comportamento das pessoas pesariam no crescimento”, destacou um relatório divulgado pelo Blog do Fundo assinado pelos economistas Alejandro Werner, Anna Ivanova, and Takuji Komatsuzaki.

O relatório informou que uma recuperação mais fraca nos mercados de trabalho “causaria danos sociais mais permanentes.” “Uma mudança repentina no sentimento dos investidores internacionais pressionaria os países com vulnerabilidades fiscais e externas”, acrescentou.

Contudo, o lado positivo apontado pelos analistas é o avanço da vacinação, “com a qual a maioria dos países está fortemente comprometida, bem como o apoio fiscal adicional criariam as condições para uma recuperação mais rápida”.

Logo, a previsão agregada mascara diferenças importantes entre os países, de acordo com o estudo que aponta uma recuperação desigual na região. Embora o crescimento neste ano no Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru tenha sido revisados para cima, ele foi rebaixado para o Caribe, de 4% para 2,4%, porque a retomada da atividade vital de viagens e turismo foi muito mais lenta do que o previsto.

O FMI passou a prever,  por exemplo, avanço de 3,6% do PIB brasileiro, dado 0,8 ponto percentual acima dos 2,8% estimados em outubro de 2020. A nova projeção está mais otimista do que a mediana das estimativas do mercado, que, conforme o boletim semanal Focus, do Banco Central, foi reduzida, nesta segunda-feira (08/02), de 3,50% para 3,47%, em grande parte, devido ao atraso no processo de vacinação no país.

Vicente Nunes