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FMI aponta oportunidades para a economia verde no pós-pandemia

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Em tempos de pandemia de covid-19, os desafios para a mitigação das mudanças climáticas aumentam, mas também criam oportunidades, na avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, ao contrário de muitos negacionistas e críticos de agendas ambientalistas, reconhece que o aquecimento do planeta é uma realidade e está avançando de forma acelerada.  

 

“A atual recessão global torna o cenário mais desafiador para decretar as políticas necessárias para mitigação e aumentos  urgência de compreender como a mitigação pode ser alcançado de uma forma favorável ao emprego e ao crescimento e com proteção para os pobres. No entanto, existem também oportunidades no contexto atual para colocar o economia em um caminho mais verde”, destacou o relatório “Mitigando as mudanças climáticas: estratégias amigáveis de crescimento e distribuição”, divulgado nesta quarta-feira (07/10). 

 

No estudo que faz parte da safra de divulgações de capítulos do Panorama Econômico Global, o FMI reforça que “o aquecimento global continua acelerado” e defende políticas públicas voltadas para direcionar estímulos fiscais para a economia verde, afim de reduzir as emissões de carbono e acelerar um processo de retomada pós-pandemia. “O aumento da temperatura média sobre a superfície do planeta, desde a revolução industrial, é estimada em cerca de 1 °C e acredita-se que esteja acelerando”, alertou. O Fundo destacou que, desde os anos 1980, cada década sucessiva tem sido mais quente do que a anterior, e os últimos cinco anos, de 2015 a 2019, “foram os mais quentes já relatados”, e 2019 foi, provavelmente, “o segundo ano mais quente já registrado”. 

 

“Embora a mitigação provavelmente, aumentará as receitas a longo prazo, limitando os danos e graves riscos físicos, a transformação econômica que requer pode diminuir o crescimento durante a transição, especialmente, em Países fortemente dependentes das exportações de combustíveis fósseis e em aqueles com rápido crescimento econômico e populacional”, destacou o documento.

 

Conforme dados do Fundo, um pacote de políticas públicas voltado para a economia verde aumenta a produção nos primeiros 15 anos em cerca de 0,7% do PIB global a cada ano (em média, durante esse período). Com isso, o PIB real global, “poderá crescer 120% nos próximos 30 anos, por conta dos estímulos fiscais para uma economia verde”.

 

O organismo internacional também reconheceu que, com a crise atual, houve uma grande retração no investimento, mas as políticas públicas podem garantir que uma recuperação de gastos consistentes com a descarbonização do planeta, proporcionando sinais de preços corretos e outros incentivos financeiros nesse sentido. Para o Fundo, um estímulo fiscal ainda será necessário após a pandemia, e, como isso, haverá uma oportunidade para impulsionar “a infraestrutura pública verde e resiliente” se houver um direcionamento dos recursos para essa agenda.

 

Nesse sentido, o FMI reforçou que a meta de reduzir as emissões líquidas de carbono a zero até 2050 será uma oportunidade para os governos desenharem políticas públicas de mitigação das mudanças climáticas, principalmente, combinado ferramentas focadas na precificação do carbono e nos subsídios ao desenvolvimento que permitam um mundo pós-covid mais sustentável, direcionados para a economia verde.

 

De acordo com a instituição, considerando que o preço do carbono reduz o valor real do Produto Interno Bruto (PIB), aumentando o custo da energia, o estímulo fiscal para a economia verde deverá impulsiona o PIB, tanto direta quanto indiretamente. Em primeiro lugar, adicionando diretamente valor agregado ao PIB por meio de aumento de gasto público e de investimento privado. Em segundo, indiretamente, reduzindo os custos de transição para uma produção de baixo carbono, diminuindo as emissões. 

 

“O estímulo verde, primeiro, impulsiona a atividade, aumentando a demanda agregada. Depois disso, o investimento em infraestrutura verde aumenta a produtividade dos setores de baixo carbono, incentivando mais investimento privado nesses setores e aumentando o produto potencial da economia. Seus efeitos são grandes o suficiente para compensar confortavelmente o custo econômico de imposto sobre o carbono nos anos iniciais”, destacou.