Financiamento climático global por ano é uma “fração” do necessário, diz FMI

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ROSANA HESSEL

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional  (FMI), Kristalina Georgieva, fez um alerta sobre o baixo volume de recursos para o financiamento de medidas ambientalmente sustentáveis para o cumprimento das metas de emissões do Acordo de Paris em 2050.

“O financiamento climático é de  US$ 630 bilhões/ano — uma fração do que é necessário esp. para os países em desenvolvimento. Um novo documento do FMI identifica fatores que limitam os fluxos para mercados emergentes e países em desenvolvimento, e possíveis soluções públicas e privadas para #ClimateAction”, escreveu a Georgieva, nesta sexta-feira (29/7), nas redes sociais.

O Fundo divulgou um documento de 41 páginas onde destaca que, mesmo com o rápido aumento dos investimentos do setor privado nos últimos anos, as necessidades de financiamento climático permanecem grandes, apesar da considerável incerteza em torno do tamanho das necessidades de mitigação e adaptação.

As estimativas de investimentos globais necessários para atingir as metas de temperatura e adaptação do Acordo de Paris variam entre US$ 3 bilhões a US$ 6 trilhões por ano até 2050, segundo o Fundo. Enquanto isso o financiamento climático global atualmente soma cerca de US$ 630 bilhões por ano — ou seja, menos de 10% –, sendo a dívida a principal fonte de financiamento desses investimentos. Os títulos verdes, por exemplo, representam menos de 3% dos mercados globais de títulos, e a maioria deles é emitida em países desenvolvidos de acordo com o FMI.

“As estimativas das necessidades de financiamento variam devido a grandes lacunas de dados no rastreamento do clima
dados financeiros, especialmente em setores que não sejam energia renovável, eficiência energética e transporte. Além disso,
dados sobre financiamento climático são parciais, já que a coleta e divulgação de dados no momento não são exigidas em vários
países”, destacou o documento que discute formas e políticas para atrair capital do setor privado nacional e estrangeiro em
produtos relacionados ao clima, superando as restrições existentes.

A principal meta do Acordo de Paris é é manter o aumento da temperatura média global inferior a 2°C, mas algumas estimativas mais otimistas estimam alta da temperatura global entre 2ºC e 3ºC até 2050.

De acordo com o estudo, um dos grandes motivos para a falta de Um grande constrangimento é a incerteza sobre as consequências dos impactos climáticos e a eficiência de tecnologias de adaptação, que podem dificultar os investimentos.  “Projetos de adaptação, em particular, são muitas vezes pouco atraentes para o setor privado, pois como os resultados de riscos são subvalorizados, há uma falta geral de acesso ao crédito. “Os extremos climáticos e climáticos estão gerando impactos económicos e sociais transfronteiriços através mercados, fluxos de recursos naturais e cadeias de suprimentos que dependem das principais commodities e da infraestrutura.

Mudanças nos padrões das chuvas e disponibilidade de água poderiam afetar a energia hidrelétrica, e para os países que compartilham bacias hidrográficas pode reduzir a produtividade de alimentos”, destacou o texto do Fundo que ressaltou que quase todo o financiamento de adaptação é, atualmente, fornecido pelo setor público, “embora existam oportunidades para o capital do setor privado, especialmente em sistemas de alerta precoce, proteção global de manguezais e infraestrutura resiliente ao clima”.

Vicente Nunes