O Blockchain significa “corrente de blocos”, em tradução literal. A tecnologia é mais conhecida por estar por trás das negociações com moedas digitais, as chamadas criptomoedas, como, por exemplo, o bitcoin. A inovação tem potencial para transformar a forma de guardar e armazenar dados em blocos sequenciais de forma segura.
Apesar disso, a rede vai funcionar excepcionalmente para a troca de informações e não terá transações financeiras em operação. O primeiro teste da tecnologia no setor financeiro é o device ID, que identifica e compartilha dados de dispositivos móveis.
As instituições financeiras poderão ampliar as informações dos usuários no seus sistemas antifraudes para identificar celulares que foram furtados, perdidos ou roubados. Ou seja, não aparelhos não confiáveis.
Até agora, aderiram à rede os bancos Banrisul, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú, JP Morgan, Original, Santander e Sicoob. A iniciativa foi implementada após três anos de estudos pela Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), que é uma associação civil sem fins lucrativos que integra o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Tecnologia
O anúncio da Rede de Blockchain foi feito durante a 29ª edição do Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (Ciab), que em como tema “Conectado com o cliente. Contribuindo para a Sociedade”.
O superintendente geral da CIP, Joaquim Kavakama, explica que a rede terá um comitê de governança estratégico que será formado por indicações de bancos e entidades do setor. “Eles tomam as decisões estratégicas de como utilizar essa rede blockchain”, disse.
De acordo com o diretor de negócios e operações da Febraban, há um conjunto de condições para identificar fraudes. “(Em caso de furto) O cliente acaba comunicando ao banco, porque tem o aplicativo no celular. Essa informação acaba sendo computada”, explica.
Expansão do blockchain
Vilain ressalta, porém, que a beleza do modelo blockchain vai além do compartilhamento de informações. “Hoje nós estamos compartilhando informações de celular, mas amanhã poderemos compartilhar outras informações. O potencial da plataforma é gigantesco. Foi dado o primeiro passo, de indícios de fraudes, mas é um mero indício. E os bancos vão tomar uma decisão com base nas informações”, destacou.
O diretor ressalta, porém, que utilizar a ferramenta blockchain ainda requer uma análise profunda, dada a extensão do mercado no país. “Vamos fazer um acompanhamento de como vai funcionar essa fase de compartilhamento de informações para poder usar, numa segunda fase, para entrar em transações”, afirmou Vilain.
“Aí é um jogo mais complexo, porque as transações têm um volume muito grande”, destacou o diretor. “A infraestrutura vai ter que suportar e o próprio blockchain hoje apresenta limitações de volume de transações por segundo e volumes em dia de pico”, completou.
Apesar disso, há análises em estudos pela Febraban e CIP, que estão conversando com fintechs para testar o blockchain em transações financeiras.
O diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Febraban, Gustavo Fosse, explicou que a entidade se debruçou em estudos para a tecnologia em 2016, porque, segundo ele, nos últimos anos, a tecnologia deixou de ser disruptiva para torna-se uma realidade.
O Ciab começou na última terça-feira (11/6) e terminará na próxima quinta (13/6), contando com a presença de centenas de exposições, palestras e apresentações. Entre os temas, trata de meios de pagamentos, segurança cibernética, experiência do cliente, empreendedorismo e soluções digitais.
*Repórter viajou à convite da Febraban
Brasília, 13h53min