Ministério da Fazenda/Foto: Diogo Zacarias
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Fazenda melhora previsão de PIB e piora a de inflação

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Ministério da Fazenda elevou de 2,2% para 2,5% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 e elevou a previsão da inflação, de 3,5% para 3,7% – acima do centro da meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3%, conforme dados do Boletim Macro Fiscal divulgado, nesta quinta-feira (16/5).

 

Contudo, essas novas previsões para o PIB não incluem as perdas estimadas pela tragédia das enchentes no Sul do país. “O PIB do Rio Grande do Sul, com peso aproximado de 6,5% no PIB brasileiro, deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas ao longo dos trimestres posteriores”, destacou o relatório preparado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda e divulgado bimestralmente pela pasta.  Segundo o documento, “atividades ligadas à agropecuária e indústria de transformação deverão ser as mais afetadas a nível nacional, por serem mais representativas no PIB do estado do que no PIB brasileiro”.  

 

De acordo com a subsecretária de Política Macroeconômica da SPE, Raquel Nadal, ainda é cedo para estimar o impacto da catástrofe climática no Sul do país no PIB. “Esse impacto dependerá das chuvas que ainda devem ocorrer e também é preciso contabilizar o impacto dos benefícios do governo federal para a população e pode minimizar os impactos da chuva no Rio Grande do Sul”, explicou, aos jornalistas, durante a apresentação do boletim. Ela citou, como exemplo, os pacotes recentemente anunciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o voucher de R$ 5,1 mil para as famílias gaúchas comprarem itens que perderam, como eletrodomésticos.

 

A previsão para o PIB de 2025 foi mantida em 2,8%. Já estimativa para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou de 3,1% para 3,2%, acima do centro da meta deste ano.

 

Como esperado, as projeções do governo para o PIB deste ano e do próximo estão mais otimistas do que o mercado. No último boletim Focus, do Banco Central, a mediana das estimativas do mercado para o crescimento da economia estão em 2,09%, em 2024, e em 2%, em 2025.

 

De acordo com o relatório, dados do mercado de trabalho vêm auxiliando nessa perspectiva de maior crescimento, mas o secretário titular da SPE, Guilherme Mello, reconheceu que existe um processo de desaceleração desse segmento.  “Do ponto de vista do mercado de trabalho, vemos algum nível de arrefecimento desses mercados que ainda estão resilientes de maneira não muito acelerada do que no passado”, afirmou, durante a apresentação do relatório aos jornalistas. 

 

A SPE também melhorou a previsão para o crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2024, de 0,7%, no boletim de março, para 0,8%, para maio. “A expansão em serviços surpreendeu em janeiro e março, mostrando crescimento robusto dos serviços prestados às famílias e de informação e comunicação. As vendas no varejo, as concessões de crédito e os dados de mercado de trabalho também surpreenderam positivamente no trimestre. Em contrapartida, apesar dos bons resultados de indicadores coincidentes para a construção, o desempenho da indústria extrativa e de transformação ficou aquém do esperado em março”, informou o relatório.

 

Nessas novas projeções, a estimativa de crescimento da produção agropecuária passou de 11,6% para 12,3%, na mesma base de comparação.  Já a previsão da produção industrial recuou de 0,7% para 0,3%. Enquanto isso, o volume de serviços deverá crescer 1%, acima da alta de 0,9% prevista em março devido ao reflexo dos bons números do setor apresentados nos últimos meses, segundo Raquel Nadal.

 

No Prisma Fiscal de maio, conforme os dados da Fazenda, a projeção mediana de 2024 para o deficit primário das contas do governo central – que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — recuou de R$ 118,6 bilhões, em janeiro, para R$ 76,8 bilhões, neste mês. A mediana das expectativas para Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) deste ano teve leve variação entre março e maio, passando de 77,50% do PIB para 77,30% do PIB.