Só que, restando 25 dias para o primeiro turno, Bolsonaro começa a ser visto cada vez mais como o único que pode frear a “onda populista” que tanto assusta os investidores. Na prática, alguns economistas defendem: “na falta de outro candidato, vai ele mesmo”.
Esse sentimento — que contagiou a maior parte dos investidores — decorre de uma grande preocupação de que o próximo governo tenha posturas populistas, personificadas nos nomes de Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT). Ambos subiram nas últimas pesquisas e têm grandes chances de disputar o segundo turno com o candidato do PSL, que é dado como certo na segunda etapa do pleito.
Segundo analistas, caso um deles ocupem a direção do Palácio do Planalto, estes concorrentes poderiam pôr fim do cenário benigno de inflação e juros mais baixos. Além disso, as contas públicas pioram e os investimentos caem.
Por outro lado, economistas também vêm Bolsonaro como uma “incógnita”. O ex-militar não esconde que está por fora das discussões técnicas sobre economia, mas se blinda com o respeitável Paulo Guedes como seu assessor. Mesmo assim, acostumados em tratar de garantias em suas negociações, investidores não veem que o candidato dá o suporte suficiente para tranquilizar o mercado.
Geraldo Alckmin (PSDB), que seria o melhor indicado para fazer as reformas esperadas, anda de lado nas pesquisas. Com 9%, está brigando pelo segundo lugar no primeiro turno, mas a demora na alavancagem nas intenções de votos deixa o investidor apreensivo. De qualquer forma, o melhor resultado possível seria um segundo turno entre Bolsonaro e o tucano. Segundo analistas, isso traria um otimismo geral nos ativos. Enquanto esse cenário não é posto, o mercado vai costurando com Bolsonaro.
Brasília, 12h37min