Para especialistas, a decisão é uma desmoralização do general Paulo Sérgio de Oliveira, comandante-geral do Exército, e da própria Força, pois mostra que prevaleceu a posição de Bolsonaro. A partir de agora, está aberta a politicagem dentro dos quartéis, um caminho para a anarquia. Os comandantes das Forças Armadas perderam o controle.
“O general Paulo Sérgio jogou por terra todo o esforço que vinha sendo feito pelo antecessor dele, general Edson Pujol, que mantinha a política fora dos muros dos quartéis”, diz um general da reserva, crítico do governo. “Ficou claro que o comandante do Exército não teve coragem de se opor a Bolsonaro”, acrescentou.
Para outro ex-integrante das Forças Armadas, a posição do Exército reflete, também, o que pensa o ministro da Defesa, general Braga Netto, totalmente fechado com a reeleição de Bolsonaro. “Os militares que estão no poder não admitem a possibilidade de perderem os cargos se Bolsonaro não se reeleger em 2022. Então, faram tudo o que o presidente quiser e lutarão para impedir a volta do PT ao poder”, assinala.
Um ex-integrante da Marinha admite que o Exército fica mais fraco ao se render à política. “Evidenciou-se uma promiscuidade entre o governo e as Forças Armadas. Isso é muito ruim para o país. As Forças Armadas são uma instituição de Estado. Quando o Exército deixa de punir um general que transgrediu o Estatuto Militar está abrindo a porta para a anarquia nos quartéis”, frisa.
Veja o que diz a nota do Exército:
“Acerca da participação do General de Divisão EDUARDO PAZUELLO em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general.
Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General PAZUELLO.
Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado.”
Brasília, 16h01min