Ucrânia Com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia completando dois anos, Otan faz exercício bélico

Ex-ministro português defende que Brasil seja interlocutor da Rússia para fim da guerra

Publicado em Economia

O Brasil, sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva, poderá ter um papel crucial no processo de busca pela paz entre a Rússia e a Ucrânia, acredita Miguel Relvas, ex-ministro de Assuntos Parlamentares de Portugal. No entender dele, como nem a Europa nem os Estados Unidos têm hoje interlocução com o país de Vladimir Putin, caberá a um outro ator internacional, no caso, o Brasil, a fazer esse papel.

 

Relvas ressalta que Putin já conversou com Lula antes mesmo de o brasileiro tomar posse na Presidência da República, o que é um sinal importante. O português destaca ainda que Brasil e Rússia fazem parte do Brics, acrônimo que reúne, além dos dois países, China, Índia e África do Sul. “Trata-se de um canal de comunicação relevante, há identidades entre esses países”, afirma.

 

Para o político, o Brasil também seria um contraponto à Turquia nessa interlocução, já que o país de Recep Erdogan ocupou espaço relevante nos contatos com a Rússia, destravando, por exemplo, a exportação de grãos ucranianos, mas não tem um visão ocidental do processo. “Não se pode esquecer que o Brasil sempre foi um aliado do mundo ocidental. Portanto, seria um personagem importante, um ponto de equilíbrio”, reforça.

 

Força internacional

 

Na avaliação de Relvas, a interlocução com a Rússia será uma oportunidade para o Brasil regressar com força à diplomacia internacional. “O mundo precisa de um Brasil vivo. Nos últimos anos, o país perdeu relevância no contexto externo, e isso não foi bom. O histórico dos dois mandatos de Lula apontam que ele é capaz de liderar essa missão”, assinala.

 

O ex-ministro português reconhece que pode haver questionamentos sobre a importância do Brasil na busca pela paz entre Rússia e Ucrânia. Ele lembra a desastrosa tentativa, em 2010, de o país e a Turquia se aproximarem do Irã em busca de um acordo internacional na área nuclear. As conversas foram abortadas, de forma grotesca, por Hilary Clinton, então secretária de Estado dos Estados Unidos.

 

O vexame para Brasil e Turquia só não foi maior porque os presidentes dos dois países tinham uma carta do presidente dos EUA à época, Barack Obama, dando aval para as conversas com o Irã. Esse episódio, acredita Relvas, em nada impede que o Brasil represente o Ocidente na busca de uma acordo com a Rússia. “O Brasil poderá ter esse importante papel”, enfatiza.

 

“Há desafios e oportunidades no processo de busca da paz entre Rússia e Ucrânia. É importante que as duas partes saiam fortalecidas, pois não existe acordo com alguém saindo fragilizado. A guerra já se prolongou demais, está na hora de todos trabalharem para o fim do conflito”, conclui Relvas.