Para Maciel, a máquina do governo distrital cresceu demais e hoje não cabe mais no Orçamento. Ele conta que ajudou na criação do Fundo Constitucional do DF, instituído em 2002, por meio do qual a União passou a bancar despesas com saúde, educação e segurança. Hoje, no entanto, há desvios de recursos para outras finalidades, resultado do inchaço do governo local e de aumentos exagerados de salários. “A situação do DF, em termos administrativos, está um horror. A cidade está um lixo”, afirma. “E mais: a máquina do Distrito Federal cara e ineficiente.”
Na visão do ex-secretário, um dos mais renomados tributaristas do país, a mudança no sistema de previdência do DF será apenas o início de uma reforma mais profunda. Ele ressalta que nem mesmo a economia de R$ 170 milhões por mês prevista pelo governador Rodrigo Rollemberg será suficiente para pôr as contas em dia, pois o desequilíbrio fiscal é enorme.
Maciel destaca, ainda, que a a reforma da Previdência não é uma questão local ou nacional. “É mundial”, frisa. Diante da mudança na demografia, com o rápido envelhecimento da população, todos os países estão sendo obrigados a promoverem ajustes em seus regimes de aposentadoria. Para ele, quanto mais o Brasil demorar para promover alterações no sistema, mais pesada será a conta paga pela sociedade.
A reação contrária às mudanças, segundo o ex-secretário, é natural. Mas, no Brasil, a gritaria é liderada pelas corporações, por grupos de privilegiados, uma vez que a grande maioria dos trabalhadores já se aposenta por idade e recebendo salário mínimo. Esses grupos de privilegiados acabam manipulando as massas.
No entender de Maciel, a tramitação do projeto de reforma da Previdência foi atropelada pela onda de denuncismo que tomou conta do país. Até 17 de maio, quando as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, se tornaram públicas e envolveram o presidente Michel Temer, o Palácio do Planalto tinha votos suficientes para aprovar a proposta. Desde então, não conseguiu reconstruir o apoio ao projeto e a tendência é de a reforma ficar para o próximo governo.
Brasília, 15h28min