ROSANA HESSEL
A poucos dias do início da campanha oficial na TV, no próximo dia 31, as últimas pesquisas divulgadas mostram que o deputado federal Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL) e o esquerdista Partido dos Trabalhadores (PT) continuam na dianteira das intenções de voto, destacou a consultoria norte-americana Eurasia. “Bolsonaro e Lula se fortaleceram mais nos últimos dois meses e iniciarão a campanha em posições fortes”, avalia a consultoria, em nota, citando as pesquisas CNT/MDA e Ibope, divulgadas na segunda-feira (20/08).
A Eurasia destaca o uso de metodologias diferentes nas duas pesquisas e reforça que pelo menos outras duas enquetes sairão nesta semana: Datafolha e XP/Ipespe. Segundo a análise, enquanto o Ibope apurou dois cenários, com diferentes candidatos para o PT: um com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outro com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, seu provável substituto, a enquete da CNT/MDA usou apenas um cenário, com Lula. “É muito provável que o ex-presidente seja desqualificado dessa eleição, mas seu nome continuará nas pesquisas até que os tribunais rejeitem o pedido de candidatura, o que, provavelmente, acontecerá na última semana de agosto ou na primeira semana de setembro”, destaca.
A consultoria observa que as duas pesquisas mostraram crescimento de Lula e do candidato do PSL. “No caso de Bolsonaro, mostra que o ex-oficial militar não parou de crescer desde junho, contrariando expectativas da maioria dos políticos e de muitos analistas locais, de que ele tinha atingido um teto de apoio e vai diminuir no início da campanha eleitoral. Sua mensagem antiestablishment é claramente ressonante entre os eleitores, que estão cansados da corrupção. Não só ele cresceu um pouco na pergunta de cédula sem ajuda, mas seu apoio sem ajuda agora é de 15% — o que significa que ele está consolidando sua base”, avalia a Eurasia. “Vale ressaltar que o apoio a Bolsonaro é mais forte nos estados em que o PSDB costumava superar o PT nos anos anteriores”, completa.
Para a consultoria, os números das pesquisas do Ibope e da CNT/MDA estão de acordo com a probabilidade de 60% de Bolsonaro ir para o segundo turno, resistindo aos ataques durante a campanha com o apoio de sua base leal. Contudo, não há uma certeza de que haverá uma embate do candidato do PSL com alguém do PT. “No caso do PT, Lula não estará na cédula. E, com certeza, seu substituto, Haddad, continua a mostrar um desempenho tímido em pesquisas”, diz a Eurasia, citando que, na semana passada, na pesquisa semanal XP/Ipespe, Haddade tinha 7% das intenções de votos e, na do Ibope, 4%, “dentro da margem de erro da pesquisa do Ipespe”.
A Eurasia avalia ainda o baixo crescimento nas intenções de voto de Geraldo Alckmin (PSDB) e destaca que o tucano minimizou os números, que desapontaram aqueles que esperavam um impulso dele com as alianças partidárias firmadas em julho. “Alckmin está pronto para crescer, mas apenas quando a vantagem do tempo de TV entrar em ação na próxima semana”, afirma a consultoria. Para os analistas da Eurasia, contudo, Marina Silva (Rede) ainda tem chances de atrair os votos estratégicos de centro. “Um rápido olhar para as rejeições dos candidatos na tabela abaixo lembram que tanto Bolsonaro quanto Lula são aqueles com os maiores passivos em um possível escoamento. Se os centristas se preocupam cada vez mais com um segundo turno polarizado entre Bolsonaro e o PT, Marina Silva, com fortes credenciais anticorrupção, é uma potencial candidata a se beneficiar”, resume.
Taxas de rejeição
Jair Bolsonaro (PSL) 37%
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) 30%
Geraldo Alckmin (PSDB) 25%
Marina Silva (Rede) 23%
Ciro Gomes (PDT) 21%
Fernando Haddad (PT) 16%
Henrique Meirelles (MDB) 13%
Cabo Daciolo (Patriotas) 12%
Guilherme Boulos (PSol) 11%
José Maria Eymael (DC) 11%
Alvaro Dias (Podemos) 11%
João Amoedo (Novo) 10%
João Goulart Filho (PPL) 10%
Vera Lucia (PSTU) 10%
Indecisos 9%
Não pretende votar em nenhum 2%
Fontes: Eurasia/Ibope.