Bolsonaro vinha mostrando um certo desconforto em relação à demora da reação da economia, inclusive com fortes cobranças sobre a equipe do ministro Paulo Guedes. Ele chegou a dar um prazo para que a atividade deslanchasse, o que obrigou Guedes a promover mudanças entre seus auxiliares.
A maior preocupação de Bolsonaro com o fraco desempenho da economia, sustentando um elevado índice de desemprego, era que as ruas do Brasil começassem a replicar as manifestações vistas no Chile. Esse temor, por sinal, fez com que o presidente adiasse o envio da reforma administrativa ao Congresso. Ele não queria uma rebelião dos servidores.
Popularidade
Agora, com o PIB do terceiro trimestre mostrando força, o presidente já fala em melhora da sua popularidade nas próximas pesquisas e acredita que um dos argumentos usados pelo ex-presidente Lula para atacá-lo, a economia fraca, será esvaziado. “Veio em boa hora”, disse Bolsonaro aos repórteres que lhe indagaram sobre o PIB. Ele sabe do que fala.
A determinação do presidente é ampliar suas falas com temas econômicos, sempre ressaltando o sucesso de medidas tomadas pelo governo, como a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do 13º para o Bolsa Família. O consumo das famílias, reforçado por esses recursos, puxará a atividade nos próximos meses.
Menos pressionada, a equipe econômica espera que Bolsonaro também encampe as reformas que estão no Congresso, voltadas para a reestruturação do Estado. Com resultados melhores da economia, acreditam auxiliares de Paulo Guedes, o presidente ficará mais “pró-reformas”.
Bolsonaro sabe que uma economia mais forte reduz parte das críticas que vem recebendo e pode lhe garantir ainda mais apoio dos grupos conservadores, uma vez que ele não abrirá mão de seu discurso ideológico, que lhe garante pelo menos 20% dos votos em todos as pesquisas eleitoras. Com a economia melhor, Bolsonaro acredita que a eleição de 2022 “está no papo”.
Brasília, 12h31min