ROSANA HESSEL
A pesquisa Sentix, sobre a confiança do investidor na Zona do Euro, divulgada nesta segunda-feira (11/01), apresentou alta acima do esperado em janeiro de 2021, o nível mais alto desde fevereiro de 2020, puxado pelo aumento da confiança com a vacinação contra a covid-19. No entanto, de acordo com a consultoria Oxford Economics, é preciso cautela na interpretação desses dados, porque essa “euforia é prematura” e o mercado está ignorando que a segunda onda da pandemia e os lockdowns estão fazendo estragos na economia da Europa e que a imunização em massa ainda vai demorar.
“A euforia dos investidores pode ser prematura, visto que as restrições atuais limitam a atividade econômica e a implementação da vacina enfrenta alguns desafios”, alertou a consultoria britânica, em comunicado a investidores, no qual destacou que o processo de retomada na região ainda será desafiador. “A leitura (positiva do indicador) mostrou que os investidores estão negligenciando os danos dos bloqueios atuais e a rápida disseminação das novas variantes do novo coronavírus”, destacou.
De acordo com a consultoria, a há uma “confiança excessiva em uma estratégia de vacinação bem-sucedida pode ser prematura”. “Há desafios logísticos e ideológicos em toda a zona do euro que podem atrasar o lançamento da vacina. Levará algum tempo antes que a maioria da população seja vacinada e os bloqueios sejam totalmente suspensos. Até lá, as restrições permanecerão, certamente até o final de janeiro, com possibilidade de novas prorrogações”, acrescentou.
“A perspectiva de curto prazo permanece mais negativa do que o sugerido pelo índice. As medidas de contenção provavelmente serão estendidas a toda a Zona do Euro, mas os mercados financeiros parecem estar olhando para além dos atuais problemas que afetam a economia real”, alertou a consultoria.
O índice Sentix, primeiro indicador do ano, subiu 4 pontos percentuais em relação a dezembro, para 1,3 ponto, atingindo o maior nível desde fevereiro de 2020. “A forte alta foi impulsionada por um salto no componente de expectativa, atingindo seu máximo histórico de 33,5 pontos. A avaliação da situação atual também melhorou para seu nível mais alto desde março de 2020, mas permaneceu em território negativo em 26,5 pontos”.
“Os mercados financeiros, de acordo com a Oxford, “parecem inabalados” com as notícias das variantes mais infecciosas do coronavírus, bem como com as taxas de infecção continuamente altas em muitos países europeus, em vez disso obtendo confiança do início do lançamento de vacinas e notícias de novos estímulos por parte do Banco Central Europeu (BCE). “Os investidores parecem antecipar uma implementação rápida da estratégia de vacinação, seguida por um abrandamento substancial das medidas de lockdown”, acrescentou.