ROSANA HESSEL
O governo dos Estados Unidos se recusou a endossar a candidatura do Brasil para ser membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de acordo com a Bloomberg News, que informou ter tido acesso a uma cópia da carta do secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, rejeitando o pedido para discutir a inclusão de novos países no chamado “clube dos países ricos”.
Segundo a agência norte-americana, Pompeo afirmou na carta enviada em 28 de agosto ao secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, que Washington apenas apoiou os pedidos da Argentina e da Romênia. “O governo dos EUA continua preferindo um aumento no número de integrantes (da OCDE) mais comedido”, diz o documento.
Ainda de acordo com a Bloomberg, com base em uma informação de um funcionário do governo norte-americano que pediu para não ser identificado, o governo dos EUA trabalha mais para apoiar a entrada da Argentina e da Romênia na OCDE. O Brasil apresentou seu pedido de adesão à OCDE em maio de 2017.
No entanto, a mensagem do secretário norte-americano não corresponde com as declarações públicas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em março, ele disse ao presidente Jair Bolsonaro, durante a visita do chefe do Executivo brasileiro à Casa Branca, que apoiava o Brasil na adesão ao grupo dos países ricos, com a condição de que Brasília abra mão da condição de economia em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), algo que não foi exigido para outros emergentes, como México.
Em troca do apoio, o governo Bolsonaro ainda concedeu aos EUA, por exemplo, acesso à plataforma de lançamento de foguetes de Alcântara e viagens sem visto para os EUA turistas. Trump, em troca, cumpriu seu compromisso de designar o Brasil como um aliado especial não pertencente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Em julho, o secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, reiterou o apoio de Washington ao Brasil durante uma visita ao Brasil.
Fundada em 1961, a OCDE possui atualmente 36 países membros, e, uma das principais exigências que o Brasil terá de que cumprir para conseguir ser aceito é melhorar o combate à corrupção.
Procurada, a assessoria de imprensa da OCDE disse não ter comentários sobre esse assunto e informou que existem seis pedidos de candidatura sendo analisados pela entidade. “Confirmamos que seis membros em potencial se inscreveram na OCDE e estão atualmente sob consideração pelo Conselho de Administração da OCDE, assim como a adesão à organização. Não comentamos as discussões em andamento, que são confidenciais”, informou.
O Ministério da Economia também não comentou o assunto.