ROSANA HESSEL
A inflação está se espalhando pelo mundo e não é um privilégio do Brasil. Conforme dados divulgados nesta quarta-feira (12/10) pelo o Bureau of Labor Statistics, centro norte-americano de estatísticas, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), registrou alta de 0,5% em dezembro, com ajuste sazonal, desacelerando em relação a novembro, quando o indicador avançou 0,8%. No acumulado nos 12 meses de 2021, o indicador de preços para todos os preços ao consumidor urbano avançou 7%, antes do ajuste sazonal. Essa é a maior taxa registrada para o indicador do custo de vida desde junho de 1982, no governo Ronald Reagan, segundo a instituição.
De acordo com dados do órgão de estatísticas, os preços de todos os itens, menos alimentos e energia, subiram 5,5%, a maior variação em 12 meses desde fevereiro de 1991. A inflação dos custos de energia chegou a 29,3% no ano, impulsionada pelo salto de 49,6% nos preços da gasolina. Enquanto isso, os preços dos alimentos registraram aumento de 6,3% no acumulado em 12 meses, com elevação de 6,5%, para os custos da alimentação em casa , e de 6%, na alimentação fora de casa.
A confirmação dessa inflação persistente e elevada na maior economia do planeta, assim como vem ocorrendo nos países desenvolvidos, acende um alerta sobre os emergentes, como bem sinalizou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana, uma vez que a alta dos juros dos bancos centrais das economias desenvolvidas será inevitável, o que será péssimo para os países com endividamento elevado e com as contas públicas desequilibradas, como é o caso do Brasil.
Analistas não têm dúvidas de que uma das principais consequências será o dólar elevado, entre R$ 5,60 e R$ 5,70, o que ajudará a pressionar a inflação, que deverá continuar acima do teto da meta, deste ano, de 5%. Consequentemente, os juros aqui continuarão subindo, o que, provavelmente, vai ajudar a travar a economia e ainda agravar o quadro fiscal, elevando os custos da dívida pública.