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Estudo da BMJ prevê cenário com baixo risco de ruptura institucional em 7 de Setembro

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O clima de tensão toma conta de Brasília, enquanto se aproxima o feriado de 7 de Setembro, porque o presidente Jair Bolsonaro intensificou as críticas ao Poder Judiciário, visto por ele como um dos principais articuladores pela queda da proposta após a derrota do voto impresso. De acordo com um levantamento sobre as manifestações feito pela BMJ Consultores Associados, no entanto, o risco de ruptura institucional é baixo, porque não deverá haver insurgências nas Polícias Militares.

 

As manifestações representarão a escalada das narrativas do Presidente e tendem a aumentar o conflito entre as demais instituições, segundo a consultoria. A entidade aposta como mais provável um cenário com pouco ou nenhum sinal de violência. “Pelo que conseguimos sondar a chance de insurgências relevantes nas PMs são baixas”, destacou Lucas Fernandes, coordenador de análise política da BMJ, em entrevista ao Blog.

 

Apesar de o presidente continuar convocando os apoiadores para irem às ruas no 7 de Setembro e até ameaçar “sair das quatro linhas”,  Fernandes avaliou que a declaração “foi mais pra engajar a participação na manifestação”. “Bolsonaro dificilmente deve arrefecer o tom do discurso nos próximos dias pra manter essa base ideológica mais ativa. Com as circunstâncias atuais, a intervenção militar segue sendo uma probabilidade mais remota e ele teria muita dificuldade em conseguir se manter no poder se jogasse essa cartada”, acrescentou.

 

Conforme os dados do estudo da BMJ, a base do governo estima que as principais adesões irão acontecer nas maiores capitais brasileiras. Bolsonaro já confirmou que irá participar em, ao menos, duas manifestações, em São Paulo e Brasília.  “Com a tendência de manifestações bastante robustas, o governo pretende utilizar as manifestações para reforçar que o presidente Bolsonaro ainda é uma figura popular e reforçar sua força nas ruas para pressionar e intimidar os demais Poderes”, informou o documento de 24 páginas, que considera baixo o risco de ruptura institucional.

 

De acordo com a consultoria, a oposição ainda não tem um consenso sobre sua estratégia para o 7 de setembro. “Alguns segmentos defendem ocupar
as ruas no mesmo dia, mas a expectativa é de que a maioria dos partidos posterguem as mobilizações. A estratégia seria uma oportunidade para evitar tanto o confronto com os grupos de apoio do governo Bolsonaro, mas também para evitar a imagem de que as manifestações da oposição estava enfraquecida”, destacou o texto.

 

Veja abaixo os três cenários previstos pela BMJ, que considera o primeiro como mais provável:

 

Cenário 1 – Manifestações com público elevado. Pouco ou nenhum registro de violência

Este cenário seria o mais favorável para Bolsonaro e também do ponto de vista institucional. Os protestos renderiam imagens fortes para Bolsonaro reforçar a narrativa de que é um Presidente popular e teria insumos para manter sua estratégia de interlocução com o Congresso e o Judiciário. A ausência de
violência contribuiria para uma diminuição do temor sobre uma ruptura institucional e precificar o discurso mais radicalizado que deve persistir.

Cenário 2 – Manifestações com público elevado. Registros pontuais de violência, mas Forças Policiais mantém a disciplina.

A contenção dos focos de violência fortaleceriam a independência das instituições e os impactos negativos tendem a ser transferidos majoritariamente para Bolsonaro. Neste cenário, o Presidente sairia enfraquecido por não conseguir levar sua narrativa às últimas instâncias e teria menor poder de barganha. A autorização judicial para que movimentos de oposição possam ir as ruas no feriado aumenta esse risco.

Cenário 3 – Manifestações com público elevado. Muitos registros de violência, insurgência de PMs

Este é o cenário mais improvável e também o mais adverso, já que poderia resultar na ruptura institucional. A dificuldade na contenção da violência poderia motivar interpretações controversas sobre a aplicação do artigo 142 da Constituição que prevê a intervenção das Forças Armadas. A tendência é de que a eventual intervenção não conseguiria se sustentar por muito tempo e provocaria respostas mais firmes do Legislativo e o Judiciário.