Estímulos de 3,5% do PIB ajudam BofA a rever alta do PIB deste ano

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ROSANA HESSEL

Dando continuidade à onda de revisões das previsões para o desempenho da economia brasileira neste ano, a divisão global de pesquisas do Bank of America (BofA) elevou de 1,5% para 2,5% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A nova projeção, mais otimista do que o mercado, é resultado, em grande parte, do pacote de estímulos fiscais do governo que estão sendo adotados desde o primeiro trimestre e que foi turbinado por meio da PEC Kamikaze – apelido dado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Os estímulos, pelas estimativas da instituição financeira, somam 3,5% do PIB.

“O crescimento do Brasil será maior do que o esperado este ano, impulsionado, principalmente, pelos recentes desenvolvimentos domésticos. Isso se deve ao estímulo fiscal mais forte anunciado pelo governo, por meio da PEC de Combustíveis e aos recentes cortes de impostos, que aumentarão a demanda agregada”, destacou o relatório do banco norte-americano divulgado nesta quinta-feira (18/8).  Para 2023, a previsão de crescimento do PIB brasileiro é de uma desaceleração para 0,9%. As projeções do BofA estão mais otimistas do que a mediana das estimativas do mercado coletadas no boletim Focus, do Banco Central, de 2%, neste ano, e de 0,41%, em 2023.

O comentário ainda destacou que a desaceleração da inflação neste ano, que tem a ajuda da imposição do teto para o Imposto sobre o Comércio de Bens e Mercadorias (ICMS) e das recentes reduções de preços da Petrobras, ajudará a reduzir o impacto negativo sobre o poder de consumo das famílias, sendo os serviços o principal motor da atividade, após recentes surpresas positivas no segundo trimestre.

O aumento de 50% no Auxílio Brasil – programa que substituiu o Bolsa Família – para R$ 600, na avaliação dos analistas do BofA, junto com o de benefícios previsto na PEC dos Combustíveis, devem ter um efeito contracíclio  “fundamental” aos efeitos defasados ​​do aperto monetário implementado pelo Banco Central desde março de 2021, que elevou a taxa básica da economia (Selic) de 2% para 13,75% ao ano. Diante desses desdobramentos e das constantes surpresas ascendentes nos dados do setor de serviços, e apesar dos sinais de desaceleração antecipada da indústria e do varejo, agora esperamos um melhor crescimento do PIB este ano”, informou o texto.

Conforme levantamento do BofA apresentado no documento, os estímulos fiscais adotados pelo governo neste ano já somam R$ 338 bilhões (3,5% do PIB). Esse dado é quase o dobro dos R$ 167,4 bilhões (1,9% do PIB), dos gastos do governo em 2021. Entre os maiores estímulos fiscais de 2022, destacam-se o Auxílio Brasil, de R$ 84,7 bilhões, e as reduções tributárias, como do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e de PIS-Cofins sobre combustíveis e do ICMS sobre combustíveis, que somam R$ 81,5 bilhões.

Outra medida de estímulo listada pelo banco americano, no lado financeiro, foi a ampliação da margem da folha de pagamento dos trabalhadores para os empréstimos consignados, de 35% para 40%, que pode injetar R$ 77 bilhões na economia neste ano, conforme as previsões do governo quando a medida provisória tratando desse estímulo foi divulgada, em março.

Vicente Nunes