Ernesto Araújo pediu demissão do Ministério das Relações Exteriores. Ele já comunicou a seus principais subordinados que está fora do governo. Neste momento, o diplomata está reunido com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Ele pediu para sair para não ser demitido.
No Palácio do Planalto, a informação é de que não havia mais como Araújo permanecer no governo depois dos ataques que fez à senadora Kátia Abreu. Ele a acusou de fazer lobby para empresa chinesa na tecnologia 5G. Há uma rebelião no Senado contra o agora ex-ministro. O governo teme que, com Araújo no governo, os senadores ponham em prática a CPI da Covid, que está na gaveta do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Bolsonaro estava resistente em demitir Araújo, mas foi aconselhado pelos assessores mais próximos, inclusive os ministros militares, a abrir mão do subordinado, um dos mais radicais do governo, para manter uma boa relação com o Congresso neste momento em que a popularidade do governo despenca.
Agora, o presidente da República corre atrás do substituto de Araújo. A lista de candidatos inclui os nomes de Nestor Forster, embaixador em Washington; Luiz Fernando Serra, embaixador em Paris; e Maria Nazareth Farani Azevêdo, cônsul-geral em do Brasil em Nova York. Também há a opção do almirante Flávio Rocha, que chefia duas secretarias do governo, a de Comunicação e a de Assuntos Estratégicos.
Ernesto Araújo representa a extrema-direita no governo. Por conta de sua postura radical, fechou portas importantes na diplomacia, sobretudo com os Estados Unidos e China, as duas principais potências do planeta. Nunca, na história do Itamaraty, o Brasil foi visto como pária, como agora.
O filho 03 de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, é o maior protetor de Ernesto Araújo no governo. Mas o deputado não conseguiu segurar o protegido, sob o risco de o pai comprar uma briga monumental com o Congresso. O presidente preferiu optar pelo bom senso neste momento.
Brasília, 12h21min