Equipe econômica vai usar alta do desemprego para pressionar por reforma

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Técnicos do governo vão usar o recente aumento do desemprego para reforçar a importância da reforma da Previdência. O discurso está pronto: quanto mais demorar para o Congresso aprovar as mudanças nos regimes de pensões e aposentadorias, maior será a desconfiança dos agentes econômicos e pior será o desemprego.

Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

Dados divulgados nesta sexta-feira, 29 de março, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desocupação acelerou para 12,4%, com 13 milhões de brasileiros sem trabalho. Desde agosto do ano passado não se via tantas pessoas fora do mercado.

Para a equipe econômica, a reforma da Previdência dará um novo alento aos agentes econômicos, pois sinalizará o ajuste das contas públicas e o aumento da capacidade do governo de ampliar os investimentos em setores estratégicos, como a infraestrutura.

Hoje, o deficit da Previdência é o principal responsável pelo rombo das contas públicas. O governo perdeu a capacidade de destinar recursos para obras prioritárias que aumentem a competitividade da economia. Também há o risco de o governo ser obrigado a decretar calote na dívida pública por falta de recursos para honrar compromissos com credores.

Desconfiança

O desemprego é, hoje, uma das principais preocupações da população. Têm chocado muita gente as filas enormes que vêm se formado em grandes capitais com pessoas em busca de vagas no mercado de trabalho. A maior parte desses postos é de baixa qualidade, mas, para quem está desempregado, qualquer oportunidade é bem-vinda.

A falta de vagas no mercado de trabalho aumenta a ansiedade dos eleitores em relação ao governo. O presidente Jair Bolsonaro assumiu em janeiro último prometendo medidas consistentes para reforçar o crescimento da economia. Mas, passados três meses do governo, nada de efetivo foi feito.

A economia continua patinando e o desemprego, só aumentando. Isso, na opinião de técnicos do governo, acaba contribuindo para a queda de popularidade de Bolsonaro, como vem mostrando as pesquisas que avaliam a aprovação e a desaprovação do governo.

Brasília, 10h16min

Vicente Nunes